O tempo passou, mas os inimigos de Cristiano Sampaio Gomes, 23 anos, esperaram que ele voltasse à Vila Esperança, no Atuba, para vingar a morte de um adolescente assassinado por ele há mais de dois anos. O crime aconteceu por volta de 22h30, de quinta-feira, no final da Rua Oscar Spena, esquina com a Rua Reverendo Joaquim Santos Oliveira, no Atuba.
Investigadores da Delegacia de Homicídios apuraram que o rapaz estava sendo perseguido. No final da rua, o Gol, placa GYB-6168, que ele dirigia, foi crivado de balas de grosso calibre. Ele tentou fugir a pé, entrando em um terreno baldio, mas foi seguido e executado com nove tiros, exatamente o mesmo número de balas que havia disparado contra a sua vítima, em setembro de 2004.
No local havia muitos curiosos, mas a polícia teve dificuldade em colher depoimentos. ?Aqui ninguém fala nada com medo de novos ataques?, disse o soldado Mendes, do 20.º Batalhão de Polícia Militar.
Cristiano tinha diversas passagens pela polícia e recentemente cumpriu pena por receptação. A informação da vida pregressa do rapaz foi dada por Francisco Nunes, morador na região e conhecido da vítima. ?Ele estava tentando se regenerar, tinha ficado um tempo preso e há uns três meses estava com alvará de soltura?, contou.
Olho por olho
Leandro Aparecido de Oliveira, 17, foi executado com nove tiros na Rua Floripa Mullman, no Jardim Campo Alto, em Colombo. O crime aconteceu no início da noite do dia 21 de setembro de 2004, 45 dias depois dele reagir a um assalto e matar o assaltante Arakitan Ricardo dos Santos, 29. Cristiano foi identificado como sendo primo de Arakitan e apontado como autor do homicídio de Leandro.
Na ocasião duas hipóteses foram levantadas pela polícia. A primeira era de que a vítima teria reagido a um assalto. No entanto, investigadores da delegacia do Alto Maracanã, ao verem o garoto morto lembraram que, dias antes, o menor esteve na delegacia e confessou que baleou uma pessoa que tentou assaltá-lo. Leandro estava jurado de morte por familiares de Arakitan. Horas depois do crime, os autores foram identificados e Cristiano havia sido preso. Recentemente, com o alvará de soltura em mãos, ele foi preso novamente por receptação. Cumpriu a pena e passou uma temporada na casa de parentes, em Santa Catarina. Quando voltou para a vila, foi surpreendido e vingado pelos seus inimigos.