A reconstituição do assassinato do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, realizado na manhã de ontem, em Almirante Tamandaré, apresentou novas versões dos acusados e contrariou as informações que a polícia tinha sobre a execução, ocorrida no início do mês. Após confessar que atirou em Bruno, o vigilante da Centronic Segurança e Vigilância Marlon Balem Janke, 30 anos, negou-se a participar da encenação, alegando que não teve envolvimento com o crime. Já os demais vigilantes arrolados, Eliandro Luiz Marconcini, 25, e Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26, ao contrário do que tinham dito em depoimento anterior à polícia, alegaram que Bruno chegou morto ao local onde o corpo foi encontrado, um matagal próximo à Rodovia dos Minérios.
A reconstituição teve início num posto de gasolina, em Almirante Tamandaré, onde, naquela madrugada, Marlon e Eliandro, na viatura da Centronic, placa APE-3866, encontraram-se com Douglas. ?No posto, os três teriam combinado um lugar para executar ou largar a vítima, que estava no porta-malas do carro?, contou o delegado Jairo Estorílio. Em seguida, conforme a reconstituição, Eliandro conduziu o veículo até uma estrada de chão, às margens do matagal, com Marlon no banco do passageiro e Douglas no banco de trás.
Divergências
É no momento da retirada do corpo de Bruno do porta-malas que começam as divergências. Na opinião do delegado, o jovem ainda estava vivo quando chegou ao local. ?Na minha visão, Bruno foi executado no matagal. Essa é a versão apresentada desde o início das investigações?, disse Estorílio. A opinião é embasada nos depoimentos anteriores dos próprios envolvidos e em questões técnicas. ?Não foi encontrado sangue no porta-malas do veículo usado no crime?, explicou o delegado. ?Os três estão envolvidos no crime e resta determinar a medida da participação de cada um?, acrescentou.
De acordo com a reconstituição, no momento que Marlon retirava o corpo de Bruno do porta-malas, Douglas teria saído do carro para urinar. Ao contrário do que tinham afirmado anteriormente, em depoimento à polícia, Douglas e Eliandro relataram, ontem, que não escutaram barulho de tiros. O advogado de Douglas, Cláudio Dalledone, defende que Bruno já estava morto quando seu cliente entrou no carro, no posto de gasolina. ?No matagal, não foi encontrada a cápsula da pistola e o caseiro que mora a 200 metros do local também não ouviu nada?, ressaltou Dalledone. Sobre a falta de sangue no porta-malas, o advogado acredita que o veículo pode ter sido alterado. ?Antes de a empresa entregar o carro usado no crime, ela apresentou dois outros veículos. O carro pode ter passado por uma limpeza antes de ser entregue à polícia?, frisou. Com relação à mudança de versão de seu cliente, Dalledone voltou a afirmar que ele estava intimidado porque Marlon é considerado um homem perigoso entre os vigilantes.
O inquérito foi concluído ontem pelo delegado e deverá ser encaminhado ao Ministério Público do Paraná.