O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) negou ontem a liminar que pedia habeas corpus para dois dos três vigilantes da empresa de segurança Centronic acusados de terem assassinato, no ano passado, o estudante Bruno Strobel. O advogado Flávio Lins requeria a liberdade para Maroln Balen Janke e Eliandro Muiz Marconcini, que está foragido.
O advogado dos dois acusados disse que vai estudar a decisão para verificar que medidas irá tomar. Ele pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou esperar que o próprio TJ julgue o mérito da questão. O juiz relator do processo foi Francisco Cardozo Oliveira. O outro acusado, Douglas Rodrigo Sampaio, também está preso.
O crime envolvendo os seguranças da Centronic vem trazendo problemas para os outros vigias da empresa. Ontem, funcionários e familiares se reuniram em frente ao Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região para protestar. O vigilante Apolinário Sabino leu um documento dizendo que a categoria se solidariza com a família do estudante assassinado. Mas diz que todos os funcionários estão sendo julgados nas ruas. Não são raras as vezes em que são xingados e viram motivo de piada.
Ele citou o caso de um vigilante de 50 anos que foi agredido por torcedores do Coritiba. Bruno também era torcedor do clube. ?Foi agredido de todas as formas possíveis, física e psicologicamente. Foi humilhado por jovens com idade para serem seus filhos e netos?, falou Apolinário.
Ele culpou alguns veículos de comunicação que vêm afirmando que a Centronic mata, o que acaba generalizando e incriminando todos os trabalhadores. ?Pedimos que a sociedade, em especial a imprensa séria, que nos trate com dignidade?. Os trabalhadores também levaram cartazes com trechos da constituição, outros afirmando que não são bandidos e lembraram que são chefes de família.
Eles temem ainda que a empresa acabe fechando e os trabalhadores fiquem sem emprego. A Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada, da Polícia Federal (PF), que tem caráter consultivo, resolveu pedir o cancelamento do alvará da empresa diante de irregularidades levantadas pela PF, como envolvimento dos seguranças na morte do estudante e também cenas de tortura de outros jovens encontradas em um celular de outros vigias.
A empresa recorreu à PF em Curitiba, mas não conseguiu reverter a situação. Segundo o advogado da empresa, Elias Mattar Assad, depois recorreram à PF, em Brasília, mas o resultado foi o mesmo. Na última segunda-feira apelaram para a última instância da PF e ainda aguardam resposta. Se mais uma vez for negada, a empresa poderá recorrer ainda para o Ministério da Justiça. Até que saia uma decisão, a Centronic pode continuar atuando.
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