O vício em crack fez com que Joel Dolinski, de 50 anos, deixasse de lado os laços familiares e matasse a irmã, Divair Rocio Grunert, 61, conforme acredita a Polícia Civil. O crime aconteceu em março, dentro da casa da em que ela morava sozinha, na Rua São João, no Parque São Jorge, em Almirante Tamandaré.
Divair, morta com cinco golpes de machado, foi encontrada por policiais, que primeiro encontraram o carro da mulher abandonado no fim da rua. Ao perguntarem aos vizinhos, encontraram um familiar, que desconfiou que ela não aparecia há vários dias. Quando entraram na casa, a mulher estava no quarto.
Mãos cuidadas pela mulher, foram usadas para tirá-la a vida. Foto: Aliocha Mauricio. |
Com o decorrer das investigações, o boato de que Joel seria o autor ficou forte entre os moradores, mas os policiais tiveram calma para juntar as provas suficientes. De acordo com o delegado Nasser Salmen, a primeira desconfiança veio quando descobriram que o irmão frequentava a casa de Divair, que por sinal cuidava de um ferimento que ele tinha nas mãos.
“Em seguida, descobrimos que ele é usuário de crack e juntamos essa informação com o fato de muitas testemunhas terem o visto sair da casa carregando uma televisão e alguns pertences da irmã”, disse o delegado. A prisão preventiva do homem foi pedida imediatamente concedida. Joel foi preso em casa, no Santa Cândida, em Curitiba, e segundo familiares já esperava a chegada da polícia.
Ex-presidiário, com passagens por tentativa de homicídio, lesão corporal e porte ilegal de arma, Joel não negou o crime. “E se eu pudesse voltar no tempo, faria diferente”, afirmou. Segundo ele, que confessou, mas não quis dar detalhes de como agiu, estava transtornado na hora em que fez. Ele admitiu ser usuário de crack há alguns meses.
De acordo com a Polícia Civil, os objetos levados por Joel foram usados para trocar por pedras de crack. “Por conta disso, entendemos que o crime foi um latrocínio, roubo seguido de morte, e não um simples homicídio”, explicou o delegado Nasser Salmen. O homem segue preso na Delegacia de Almirante Tamandaré.
“O crack já passou do controle”, desabafa delegado. Foto: Aliocha Mauricio. |
Fora de controle
Atualmente tem sido comum o uso do crack, indireta ou diretamente, tirar a vida de diversas pessoas. De acordo com o delegado, que tem duas pós graduações em dependência química, o crack é uma situação – de saúde pública -, que está totalmente fora de controle. “A realidade do uso, cada vez mais temos dependentes químicos que aumentam. Não temos como controlar a situação na questão do uso, não existe leito suficiente, abrigos públicos suficientes capazes de cuidar dos dependentes”, lamenta.
A realidade, impossível de ser escondida, é algo que aumenta diariamente. “Por isso quanto mais dependentes, mais traficantes. E é combatendo o tráfico que nós temos que trabalhar duramente. Mas precisamos de efetivo, de que algo seja feito, para delimitar as fronteiras do país, porque de alguma forma os entorpecentes entram e é de lá que vem todo o material”.