Depois que começou a usar crack, há cerca de dois anos, Eliezer da Luz, 29 anos, perdeu o emprego, foi expulso de casa e penhorou seu carro, um Passat, para trocar por droga. Virou andarilho e, como todo usuário que vive pela droga, passou a cometer furtos e assaltos.
“Foram mais de cem assaltos”, admite. Ontem, pela manhã, Eliezer pegou o celular de um adolescente, no Batel. “Pedi o celular e ele me deu. Eu não estava armado”, alegou o ladrão.
Depois do susto, a vítima correu e encontrou uma equipe da Polícia Militar. Eliezer foi capturado e encaminhado ao 3.º Distrito Policial (Mercês). Segundo o superintendente Sérgio Quirino, o aparelho foi recuperado e nenhuma droga ou arma foi apreendida com o detido.
Recaída
Eliezer, que trabalhava como vendedor de madeira numa empresa de Pinhais, relatou que já havia experimentado maconha e começou a usar crack influenciado por amigos.
“Fui me tratar, mas tive uma recaída”, lamentou. Há dois meses, no fundo do poço, decidiu penhorar seu Passat com um traficante. Em troca, recebeu 20 gramas da droga, o suficiente para vários dias.
Pai de um casal de filhos, ele perdeu o emprego, a família e passou a viver como indigente. “Minha mulher e meu sogro me obrigaram a sair casa. Meu menino tem 3 anos e a menina já fez um”, contou o rapaz, que não teve mais contato com as crianças e espera um dia reatar com a família.
Troca
O dinheiro que conseguia vinha dos assaltos praticados principalmente na região do Hospital das Clínicas, no Alto da Glória. “Roubava celular, bolsa de mulher para trocar por crack e pagar o hotel para tomar banho”, confessou o ladrão, que ameaçava as vítimas com uma faca.
Apesar do grande número de roubos, Eliezer nunca havia sido detido. Ontem, na delegacia, ele não se mostrava preocupado, já que agora não vai precisar pagar por comida e banho. “A batalha na rua é pior que aqui dentro. Não sei o que vou fazer quando sair daqui. Só o destino vai dizer”.