?Perdi meu filho para o pai da rua.? A declaração é do aposentado João Mário dos Santos, 63 anos, após a execução de seu filho Ubiracy dos Santos, 39 anos, que aconteceu às 22h30 de sexta-feira, na Travessa Dez, Vila Barigüi, Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Viciado em drogas, o rapaz estava dormindo num cômodo do lado de fora da residência do pai quando os criminosos invadiram o local e o arrastaram até o quintal. Antes de ser morto, Ubiracy implorou pela vida: ?Não façam isso pelo amor de Deus?, mas não sensibilizou os matadores que deram os cinco disparos, acertando as costas, a cabeça, o olho e a orelha da vítima.
Ubiracy estava em casa porque seu braço estava machucado. ?Na semana passada ele andou levando uma surra de uns caras aí?, contou o pai. ?Ele mexeu com alguém e vieram buscar?, disse. João conta que estava dentro da casa quando ouviu os gritos do filho, mas acreditou que ele havia usado drogas e estava tendo uma crise. ?Só gritei: ?Pare com isso rapaz?. Aí ouvi os tiros. Quando sai já estava morto?, relata o pai.
Vício
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Ubiracy tinha 39 anos. |
João contou que o filho é viciado em drogas desde os 12 anos. ?Ele cheirava cola e usava todo o tipo de droga que aparecesse. Até fita cassete. Ele fervia as fitas e depois tomava água?, contou o pai. ?Para se ter uma idéia, depois que ele foi morto, retiramos 18 latas de cola vazias do quarto dele?, acrescentou.
Devido ao vício, Ubiracy, que era solteiro, morava para fora da casa do pai. ?Antes da mãe dele morrer, há sete anos, ele usava drogas, mas até que se controlava. Depois que ela se foi, aí piorou de vez. Quando estava ?noiado?, ele me agredia. Tenho sete pontos na nuca e sete no rosto?, contou João, que para tentar libertar o filho das drogas o internou oito vezes. ?Essa droga só tem dois ?C? – cadeia ou caixão.?
Ele ressaltou que o filho costumava se drogar no quintal de sua casa. ?Quando ele estava sem o efeito das drogas era um cordeiro. Mas, quando se drogava, se transformava.?
O aposentado não estava muito preocupado em descobrir quem foram os autores da morte de seu filho. ?Agora quero descansar. Foram muitos anos de sofrimento. Chega! Tenho meus netos e mais três filhos, que só me dão alegria. Esse só meu deu trabalho.?
