O vereador mais votado de Colombo, Joaquim Gonçalves de Oliveira (PMN), o ?Oliveira da Ambulância?, 55 anos, mostrou ontem sua outra face. Na última eleição, conquistou mais de 4 mil votos demonstrando se importar com os pobres. Ontem, despertou a ira da população ao espancar seu enteado de 9 anos. A covardia foi selada com cadeado, numa corrente que ele usou para prender o garotinho. Horas depois, quem estava preso era ele.
Por volta das 11h30 da manhã de ontem, o menino empinava pipa com alguns amigos perto da casa do padrasto, em Colombo.
De repente, a brincadeira foi interrompida pelo vereador, que segurou nos braços do enteado e o empurrou para dentro do carro. Transtornado, o político seguiu com o garoto para Piraquara, onde o menino mora com a mãe. Durante o trajeto, mais desespero.
A criança foi esmurrada no rosto várias vezes. A violência foi tanta que ?Oliveira da Ambulância? perdeu a direção do veículo e, por pouco, não bateu em um caminhão.
Quando chegaram na casa, a criança estava com o rosto coberto por hematomas e sangrava muito.
O menino tentou fugir, mas as agressões continuaram, dessa vez com uma cinta que deixou mais marcas em seu corpo. Vendo o desespero do filho, a mãe, Adenir, 33, tentou intervir, mas não conseguiu conter a fúria do ex-marido. Quando o garoto estava prestes a desmaiar, o vereador mandou a ex-mulher pegar a corrente que fechava o portão. Ela não seguiu a ordem e foi insultada, e o político não desistiu da idéia. ?Oliveira da Ambulância? acorrentou a perna do enteado e colocou um cadeado. Ele foi embora deixando a criança ferida sobre a cama do quarto.
Prisão
Joaquim: só um corretivo. |
Revoltada, Adenir foi até o Conselho Tutelar de Piraquara, e orientada a procurar a polícia. Acompanhada da conselheira Maria Eliete Darienzo, elas foram para a delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, onde começaram as agressões. Depois de ver o estado do menino, que ainda trazia a corrente na perna esquerda, o delegado Hamilton da Paz destacou uma equipe para prender o vereador. ?Oliveira da Ambulância? foi preso em flagrante em sua casa, no Jardim Planalto.
Levado à delegacia, o político alegou que o menino tinha fugido de casa e que, por isso, deu apenas umas cintadas no enteado. Quanto aos hematomas, o vereador alegou que a criança tentou fugir dele e se machucou ao cair. A história contada não convenceu o delegado, que autuou o agressor por maus tratos e pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que consiste em submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
Agressões causaram separação do casal
Cansada de ser insultada e de ver o filho ser espancado pelo marido, há cinco meses, Adenir, 33, resolveu romper a união que já durava sete anos com o vereador ?Oliveira da Ambulância?. Ela saiu de Colombo com o menino e os outros dois filhos do casal, de 3 e 6 anos, e foi morar em Piraquara. Segundo a mulher, o garoto apanhava desde os três anos de idade.
Na última quinta-feira, a mãe levou o menino para dormir na casa do padrasto, sem imaginar que a criança seria, mais uma vez, vítima da covardia. Depois de relatar o que aconteceu à polícia, o garoto foi levado ao Instituto Médico-Legal, onde foi submetido a exame de corpo de delito. Apenas lá, a corrente foi retirada de sua perna. Cabisbaixo, com o rosto inchado e com a camisa manchada de sangue, ele falava pouco. Quando questionado sobre o que sentiu quando viu o padrasto ser preso, respondeu: ?Senti um alívio, pois quanto mais eu pedia para ele parar de me bater, mais eu apanhava?.