Ao mesmo tempo em que tentava se defender de acusações de extorsão, depondo na 8.ª Vara Criminal ontem à tarde, o jornalista e ex-deputado estadual Ricardo Chab amargava nova denúncia, desta vez do vereador de Colombo Waldirlei Bueno Oliveira.
Ele assegura ter sido execrado no programa de TV apresentado por Chab, a ponto de ter sido exonerado do cargo de professor, que exercia há anos.
Há suspeita de que Chab recebia ?dinheiro ou favorecimento? para manchar a imagem do vereador e, assim, desestimulá-lo de seguir com o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Indignado com a situação, depois de muito tentar explicar os fatos no mesmo programa e sem ter chance de se defender, Waldirlei – através da advogada Maria Adriana Pereira – decidiu entrar com pedido de abertura de inquérito policial e quebra de sigilo bancário de Chab, para descobrir se ele estava ou não recebendo dinheiro de políticos de Colombo.
?Ele me prejudicou bastante e conseguiu, com mentiras e falsas acusações, até cassar a aposentadoria da minha mãe, uma idosa que durante anos foi professora no município?, contou o vereador. Por força de um mandado de segurança, a aposentadoria da mulher foi restabelecida. Em outro processo, Waldirlei requer sua volta ao quadro do magistério local.
Denúncia
Waldirlei, que é oposição na Câmara de Colombo, pediu a abertura de uma CPI para apurar possíveis irregularidades na contratação de uma empresa, no ano passado, que faria o transporte escolar na cidade.
Ele listou seis motivos para a abertura da CPI, mas mesmo assim a Câmara – cujo presidente é Onéias Ribeiro, amigo íntimo de Chab e que também foi denunciado por extorsão – não aprovou a instauração. Não contente, Waldirlei recorreu ao Ministério Público, solicitando abertura de inquérito civil.
A partir daí, passou a ser alvo de denúncias no programa de Chab, que por vários dias – entre junho e julho do ano passado – o acusava de ter facilitado a aposentadoria de sua mãe. O apresentador dizia inclusive que a ?fraude da aposentadoria teria dado um prejuízo de R$ 100 mil aos cofres públicos?.
Centronic
Quando Chab foi preso em flagrante, em 24 de abril passado, juntamente com o advogado Antônio Neiva de Macedo Filho, ambos acusados de, por duas vezes, extorquir o proprietário da empresa Centronic (processo em que Onéias Ribeiro também aparece como co-autor), Waldirlei sentiu-se mais seguro em levar adiante suas suspeitas. Ainda ontem, sua advogada confirmou que recorrerá à Justiça para que tudo seja devidamente investigado.
E foi justamente pelo processo aberto para apurar o caso Centronic que Chab e Macedo foram ouvidos ontem pelo juiz da 8.ª Vara Criminal. Ambos negaram ter praticado extorsão e deram explicações diferentes para o dinheiro (R$ 35 mil) apreendido no escritório da Rádio Mais – com sede em São José dos Pinhais – de propriedade do apresentador.
A quantia havia sido levada pelo dono da Centronic, atendendo exigência dos acusados, para não ter sua empresa novamente divulgada de maneira negativa. Chab afirmou que se tratava de pagamento de contratos publicitários. Já Macedo disse que o dinheiro se referia ao pagamento de honorários advocatícios.
Delegado também é vítima
Chab, após ser preso pela denúncia do dono da Centronic e permanecer recolhido no Centro de Triagem II (CT II), em Piraquara, por uma semana, foi novamente preso em flagrante, desta vez acusado de porte ilegal de arma, na semana passada.
De acordo com o delegado Marcus Vinicius Michelotto, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, ao investigar uma quadrilha de roubo de cargas que agia em Pinhais, descobriu que a pré-candidata a vereadora de Pinhais Licélia Rodrigues da Cruz, 31 anos, era paga por Chab para prejudicar a imagem dele, em vingança à prisão pela extorsão. Ligações telefônicas foram gravadas e quando presa, Licélia confirmou a trama. Chab, por sua vez, diz que não conhece esta mulher.
Como passou a vítima, Michelotto abriu mão das investigações, para a delegacia de Colombo, que deverá dar andamento às apurações no que diz respeito à denúncia do vereador Waldirlei Bueno Oliveira.