Há um mês a Polícia Militar ocupou parte do Uberaba, para implantar, uma semana depois, a primeira Unidade Paraná Seguro (UPS) do Estado. Ao contrário do que pensavam muitos moradores, a ação não durou apenas alguns dias. A polícia continua no bairro e trouxe a sensação de segurança que, há tanto tempo, faltava.

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Mesmo assim, a vizinhança aguarda com ansiedade a chegada dos investimentos em infraestrutura, saúde e educação, que são as próximas etapas da UPS, e torce para que a polícia consiga vencer a única ação criminosa ainda não repreendida na região: a pirataria.

O Paraná Online foi conferir a situação do bairro, na manhã de sábado. Às 10h15, a reportagem entrou na Rua Atílio Pioto, e, em menos de 15 minutos rodando pelas ruas do Uberaba, encontrou uma viatura, na Rua Eunice Bettini Bartoszeck. A equipe do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) observava com atenção todos os veículos que passavam.

Pirataria

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Eles só não perceberam, ou ignoraram, a atividade descarada de vendedores de CDs e DVDs piratas, que montaram pequenas mesas em frente a três mercados.

Em nenhum momento, os infratores foram abordados. De acordo com o artigo 184 do Código Penal, a “reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa”, prevê pena de dois a quatro anos e multa.

Área “limpa” e população sem medo

Átila Alberti
Criançada pode brincar na rua.
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A presença das viaturas policiais deixa os moradores satisfeitos, e mais atentos. A dona de um ferro-velho, Cláudia Alice de Oliveira, que deu entrevista para o Paraná Online, há um mês, agradecendo a instalação da UPS, garante que agora ninguém mais anda sem cinto de segurança no bairro. “Eles apreenderam vários carros e motos em situação irregular. Os “maloqueiros” que viviam por aqui sumiram”, comemorou.

De acordo com ela, os policiais estão sempre por perto. “Quando começou uma briga feia aqui, na sexta-feira, encontramos uma viatura rapidinho pra pedir socorro”, afirmou. Na confusão, três rapazes foram presos e encaminhados ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac-Sul).

A opinião de Cláudia é compartilhada por vários moradores, que conversaram com a equipe do Paraná Online. A proprietária de um pequeno comércio, na Rua Helena Carcereri Piekarski, onde aconteceu uma chacina, em outubro de 2009, contou que passou a fechar as portas mais tarde. “Já fui assaltada duas vezes. Numa delas me levaram tantas peças de roupa que quase fiquei nua. Tínhamos medo de deixar nossas casas, porque arrombavam até na luz do dia. Agora eu saio sem medo”, afirmou a mulher, que não quis ser identificada. Ela revelou que alguns envolvidos com a criminalidade ainda não foram presos porque a população tem medo de entregá-los.

Esperança

Em algumas esquinas, grupos de rapazes ainda intimidam com olhares ameaçadores, em atitudes suspeitas, mas não apagam a esperança de uma vida melhor que a vizinhança cultiva. A reportagem flagrou crianças brincando sem medo, famílias fazendo compras e passeando pelas ruas das vilas. A sensação, para os moradores, é que, com mais investimento na parte social, faltará pouco para se afirmar, sem receio, que o Uberaba foi finalmente pacificado.

Mortes

O número de assassinatos no Uberaba não mudou com ,a instalação da UPS. Em 2012, foram nove mortes no bairro, três em cada mês. Nas áreas ocupadas pela polícia, foram quatro casos, dois em janeiro, um em fevereiro e um em março.