Procurado pela polícia como sendo traficante e responsável por vários homicídios na Vila Trindade, no Cajuru, Maurício Rocha, mais conhecido como “Tucano”, 23 anos, foi morto a tiros por três policiais militares à paisana, que estavam passeando pelo bairro. O fato ocorreu às 4h50 da madrugada de sábado, na Rua Generoso Teixeira Filho, em frente ao número 53, Vila Trindade.
Testemunhas informaram que “Tucano” tentou escapar. Atingido por seis disparos, nas costas, peito e braço, ele tombou morto no local. Com o rapaz, a polícia encontrou uma identidade em nome de Carlos Eduardo Ferreira Nogueira, dinheiro e um telefone celular.
No local surgiram várias versões de como ocorreu a morte. Uma delas é que os soldados Vítor Delgado da Silva Júnior, Fábio Ricardo de Oliveira e Anderson Kucioseski, todos lotados na Rone – Ronda Ostensiva de Natureza Especial – não estavam de serviço, e foram a uma festa na Vila Trindade. Quando retornavam, ocupando um Escort preto, de propriedade de um dos policiais, viram “Tucano” fazendo necessidades em um muro e brincando com uma arma. Eles teriam tentado abordá-lo e o rapaz reagiu a tiros. Os policiais revidaram e acertaram “Tucano”.
Outra é de que “Tucano” teria tentado assaltar os policiais, que reagiram. A terceira é de que o rapaz teria tentado assaltar um transeunte.
Corporação
O major Carlos Scheremeta, comandante do Batalhão de Choque, disse que foi informado por volta das 5h da madrugada, de que três policiais da Rone, comandados por ele, foram levar uma amiga em casa, nas proximidades da Vila Trindade. No retorno, “Tucano”, tentou roubar o veículo. “Dois soldados desembarcaram e se intitularam policiais. Houve o confronto e o rapaz levou a pior”, relatou o major. Ele disse que após o desfecho os três policiais apresentaram na Central de Polícia as armas utilizadas e a pistola calibre 380, que estaria de posse de “Tucano”. “Eles apresentaram as pistolas ponto 40. Como as armas perrtencem à corporação, instauramos Inquérito Policial Militar (IPM). A princípio eles não poderiam estar utilizando estes armamentos fora de serviço. Mas também será instaurado inquérito na Polícia Civil, já que eles estavam fora de serviço e por este motivo ocorreu um homicídio comum”, salientou Scheremeta.
Ele disse que os policiais também deverão ser julgados pela Justiça comum, e o papel da PM é apurar o que realmente aconteceu devido ao armamento. “Normalmente a arma militar só pode ser utilizada para prestar serviço. Foi uma ação fora dos padrões da PM”, frisou.
O major disse que será apurado se os policiais agiram em legítima defesa. Enquanto estiver ocorrendo a investigação, os três policiais serão afastados de suas funções. “Nenhum deles tem antecedentes. Mas como é de praxe, usaremos de transparência para esclarecer o que realmente ocorreu”, informou Scheremeta. O major disse que apesar de a vítima contar com vários antecedentes criminais, as circunstâncias da morte vão ser apuradas com rigor.
Investigações
O superintendente Neimir Cristovão, da Delegacia de Homicídios, disse que as informações disponíveis ainda são muito confusas. “Os policiais ainda não prestaram depoimento na nossa delegacia”, informou. Ele disse que no início desta semana o delegado Alcimar Garret irá analisar o caso e decidir se as investigações serão realizadas pela Homicídios, ou pelo 6.º Distrito Policial. “Com certeza, todas estas versões serão investigadas. Maurício Rocha responde inquérito por oito homicídios e estava com a prisão decretada pela Justiça”, contou.