Elton Gelinski, abandonado pelos cúmplices. |
Um tiroteio dentro da agência do Banco Bradesco, na Rua João Gualberto, Juvevê, deixou o saldo de quatro feridos, às 10h40 de ontem. Dois funcionários e dois clientes foram baleados na troca de tiros entre seguranças e os três assaltantes que haviam invadido a agência. Um dos bandidos foi preso em flagrante, pela Polícia Militar.
O cliente, que se identificou apenas como Elias, 27 anos, presenciou o roubo. Ele contou que ninguém deu voz de assalto ou mandou as vítimas permanecerem quietas, como é normal neste tipo de crime. “Um bandido falou que ia matar o segurança e já deu um tiro nele”, relatou a testemunha.
O segurança Amauri Braulino de Oliveira, 37 anos, da empresa Sentinela, foi baleado na barriga. Mesmo assim lutou com o assaltante, tomou-lhe a arma e, como ela já estava sem munição, usou-a para golpeá-lo na cabeça, com a coronha. Os dois comparsas reagiram a tiros e teria havido revide por parte dos vigilantes. Até o início da tarde de ontem a polícia não havia divulgado de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Além do vigilante, outras três pessoas acabaram feridas: a funcionária Márcia Cristina de Morais e os clientes Ana Cristina dos Santos e Arlindo Narciso de Oliveira, 67 anos. As mulheres, baleadas na barriga, e o homem, ferido na perna, foram levados pelo Siate ao Hospital Cajuru. Ana Cristina, que foi submetida a cirurgia ontem à tarde, apresentava o quadro mais grave.
Abandono
Sem nada roubar, os três bandidos conseguiram escapar da agência e entraram no Monza azul placa AGE-9667, que tinha ao volante um quarto integrante da quadrilha. O carro subiu a Avenida João Gualberto, tomando o rumo de Colombo. Em frente ao Hospital São Lucas um dos assaltantes foi abandonado pelos comparsas. O acusado Elton Rodrigo Gelinski, 18 anos – o mesmo que teria lutado com o segurança – foi preso minutos depois pela Polícia Militar, nas imediações do hospital.
Elton disse à polícia que ele e os cúmplices moram no Jardim Graziele, em Almirante Tamandaré. Policiais militares levaram o detido para tentar localizar os demais acusados, mas não houve êxito. Os dois que entraram na agência eram negros e magros, e o que dirigia o Monza era branco e aparentava ter 45 anos.
Orientados pelo banco, funcionários recusaram-se a relatar detalhes do roubo à imprensa.
Sem segurança
Assim como a maioria das agências do Bradesco, a do Juvevê não possui porta giratória com detector de metais. “O banco obteve uma liminar para funcionar sem as portas de segurança e assim se torna alvo fácil de bandidos. Quase todos os roubos a banco têm sido no Bradesco”, disse o delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos Roubos. A agência, que também não possui sistema interno de vídeo, foi roubada duas vezes no ano passado – a última delas, em dezembro.
Além da DFR e da PM, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) atendeu o caso. O carro usado pelos assaltantes foi recuperado no início da tarde e passará por uma perícia.
Sindicato faz protesto
Segundo o diretor do Sindicato dos Bancários, Otávio Dias, mesmo após o assalto, o banco queria voltar às atividades normalmente. Entretanto, foi realizado uma manifestação no local que manteve a instituição financeira fechada durante todo o dia. “Os funcionários não tinham condições psicológicas para voltar a trabalhar como se nada tivesse acontecido. Eles terão que passar por tratamento psicológico, pois alguns ainda estão em estado de choque”, diz ele, acrescentando que se o banco abrir as portas hoje, vai ser com funcionários de outras agências.
Está é a quarta vez que o banco é assaltado e de acordo com Dias o problema acontece principalmente pela falta de portas giratórias de segurança no local.