O Instituto Médico-Legal (IML) confirmou que um cadáver foi trocado no fim de semana. Familiares de Jhonatan Sousa do Alto, 17 anos, perceberam que o corpo que velavam não era dele e informaram a polícia.

continua após a publicidade

A mãe do adolescente, Maria Marciana de Souza Braz, 35, está presa, acusada de matar o próprio filho. Como o jovem é órfão de pai, e a mãe estava presa, de acordo com o diretor do IML, Porcídio Vilani, Jhonatan foi reconhecido pelo padrasto, Paulo da Cruz.

“O corpo é levado para uma sala onde o familiar faz o reconhecimento. Se a família garante que reconhece a vítima, o cadáver não retorna mais para o necrotério e é entregue para sepultamento”, explica.

Por engano, um corpo que não era de Jhonatan foi levado para a sala de reconhecimento e identificado pelo padrasto. Paulo garante que o engano foi cometido por Maria Alcione de Souza, a tia do garoto. “O corpo estava em decomposição e ela achou que era o Jhonatan. O lugar era escuro, foi difícil de ver”, afirma.

continua após a publicidade

Velório

O corpo que não era do adolescente foi liberado para a família, que marcou o velório e o sepultamento em um cemitério de São Carlos. “Alguns familiares suspeitaram que não era o Jhonatan. Temos o hábito de fotografar os velórios da família, e as pessoas que estavam aqui em Curitiba viram as imagens e tiveram a certeza que não era ele”, conta Maria Alcione.

continua após a publicidade

A tia viajou até Curitiba com o sobrinho para resolver o problema. “Corro o risco de perder meu emprego se ficar muitos dias afastada e estamos só com a roupa do corpo. Não temos dinheiro nem para comer aqui. Só queremos que o secretário da Segurança nos dê uma solução”.

Vilani declarou que o corpo de Jhonatan ainda está nas dependências do IML, e que o corpo enviado para São Paulo foi de outro rapaz, também foi vítima de homicídio, mas ainda não foi identificado.

“Há uma família tentando liberar este corpo, mas recebemos a informação que a vítima não possuía documentos. Será necessário um alvará da Justiça para que haja a liberação deste corpo, que deve retornar a Curitiba”.

Inquérito

Equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e do Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce) estiveram no IML na tarde de ontem e devem prestar apoio na sindicância que vai apurar se houve falha de funcionários da instituição. Inquérito será instaurado para apurar as circunstâncias da troca de corpos.

Mãe suspeita de matar filho

Jhonatan veio há cinco anos de São Carlos (SP), com a mãe, para a casa do padrasto, em Curitiba. Ele chegou em casa bêbado, na noite de quinta-feira, e foi encontrado morto na cama na manhã seguinte.

Em depoimento, na Delegacia de Homicídios, Maria Marciana, declarou que bateu no filho. Um pedaço de madeira utilizado na agressão foi apreendido, e Maria foi presa em flagrante por homicídio doloso (com intenção de matar). “Pedi outra necropsia para confirmar se os ferimentos no corpo eram compatíveis com a ripa. Os laudos ainda não ficaram prontos”, afirma Maurílio Alves, delegado responsável pelo inquérito.

Contradições

Para o delegado Itiro Hashitani, titular do Nurce, Maria Marciana deve permanecer presa. “Ela foi detida devido às contradições no depoimento, e não com base nos laudos de necropsia. A troca de corpos não interfere na prisão dela”, relata. Apesar de a família defender que Jhonatan foi vítima de coma alcoólico, Vilani acredita que as causas da morte do rapaz foram outras. “O laudo de necropsia foi conclusivo. Ele foi assassinado”.