Vender um computador não é tão seguro como parece. Na noite de terça-feira, uma família ficou sob a ameaça de facas e, ao invés de receber dinheiro por um notebook (computador portátil), anunciado em jornal, teve vários aparelhos roubados. O trio responsável pelo assalto foi detido pouco depois do crime, devido ao trabalho integrado e rápido da Polícia Militar.
Roger Airton James, 23 anos, Edivaldes Marques da Silva Neto, 18, e a mulher dele, de 17, foram surpreendidos pela equipe do capitão Maurício Moraes, chefe do serviço reservado do Comando de Policiamento da Capital, às 22h, com o produto do roubo. Eles tinham chegado de táxi à esquina da Avenida Sete de Setembro com Rua Mariano Torres, centro, e se preparavam para pegar um ônibus, quando foram detidos. Os dois ainda estavam com as facas, com cerca de 20 cm de lâmina, usadas para intimidar as vítimas.
Roubo
O trio manteve um técnico, de 34 anos, a esposa dele, de 33, e o filho do casal, de 1 ano, como reféns até recolher os produtos que lhe interessavam. Eles entraram na residência, na Rua Salvador Ferrante, Boqueirão, às 20h30, dizendo estar lá para comprar o notebook anunciado em jornal. “Antes, um deles já havia ido ao trabalho de minha esposa para ver o equipamento, mas marcou a compra para a noite, quando, então, levaria o valor em dinheiro”, relatou a vítima.
Dentro da casa, os dois rapazes puxaram as facas e anunciaram o assalto. Rasgaram a toalha da mesa e amarraram o técnico. Enquanto um deles colocava perfumes, calçados, um aparelho de DVD, o notebook e mais um gabinete de computador em malas do casal, além de outros objetos como jóias e celulares, outro mantinha a mulher e a criança imóveis, sob a ameaça da lâmina da faca. Feita a “limpeza”, chamaram um táxi e fugiram.
Assim que os assaltantes saíram, o técnico conseguiu se soltar das amarras e chamar a polícia, pelo 190. Conforme relatado pelo chefe de operações do Centro Integrado de Atendimento a Emergências (Cine), capitão Sidney, o trabalho do soldado Arthur e cabo Poletti foi decisivo para a prisão do trio. Enquanto Arthur colhia detalhes com a vítima, Poletti conseguia monitorar a trajetória escolhida pelos assaltantes. “Pudemos determinar com certa precisão o local onde eles poderiam ser encontrados”, relatou Sidney.
Reconhecimento
Roger e Edivaldes, ambos moradores em Santa Felicidade, disseram ter escolhido cometer o crime para conseguir “um dinheiro a mais”. Roger é solteiro e trabalha com montagem de rede de internet, instalação elétrica e telefônica. Já Edivaldes, vindo de São Paulo com a mulher e um filho há apenas dois meses, afirmou trabalhar como gesseiro. “É a segunda vez que faço isso”, confessou, referindo-se ao golpe do notebook. Ambos foram encaminhados ao 8.º Distrito Policial (Portão). “Acredito que outras vítimas devam reconhecer os dois”, disse o capitão Maurício.
Golpe pode ser evitado
O golpe do notebook ou da compra de computadores parece um negócio normal. O produto é anunciado em jornais ou pela internet. O assaltante liga para o número do anúncio, mostrando-se interessado. No caso do trio detido, Edivaldes telefonou várias vezes para a vítima, desmarcou o primeiro encontro, e disse que iria à noite com o dinheiro, pois sabia que o técnico desconfiaria de uma transação com cheques. Com o encontro marcado para efetuar o negócio, geralmente na residência do vendedor, fica fácil para o assaltante entrar na casa.
O capitão Maurício deu algumas dicas para evitar ou ao menos dificultar esse tipo de golpe. Conforme indicou, o vendedor deve se informar sobre o comprador, com dados simples como nome e endereço. “O ideal é que seja marcado um local neutro para que seja feita a venda, para que nem o vendedor nem sua família fiquem expostos à ação de possíveis bandidos”, aconselhou.
Informações ajudam a polícia
Neste caso de roubo de computador, foram os detalhes fornecidos pelas vítimas que possibilitaram a detenção do trio. “Os policiais confirmaram o reconhecimento por causa de uma das malas roubadas para carregar os equipamentos”, disse o chefe de operações do Cine, capitão Sidney. São informações dessa natureza que ajudam no trabalho da polícia.
Diariamente, o Cine recebe cerca de 12 mil ligações de Curitiba e região metropolitana. “Mais da metade são trotes”, lamentou o sargento Bianchini, supervisor de atendimento. Segundo ele, endereços e pontos de referência vagos dificultam e atrasam a chegada de viaturas e mesmo de ambulâncias do Siate. “Muitas pessoas não sabem o nome da rua onde moram ou dão como referências lugares que só são conhecidos naquela região, como, por exemplo, “o bar do Zé”, relatou. “Quanto mais detalhes e informações, mais rápido e preciso pode ser o atendimento”, completou.
Bianchini também comentou algumas reclamações de solicitantes, como são chamadas as vítimas ou pessoas que ligam pedindo serviços da PM. “Quem liga para cá está nervoso e não entende que, ao mesmo tempo que um atendente está colhendo informações complementares, outro já está enviando uma equipe policial para o local. Tudo é simultâneo e informatizado”, afirmou.
Algumas pessoas reclam am que a polícia estaria “perdendo tempo” ao pedir dados complementares.
