O escorregadio secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, deve comparecer hoje, às 14h30, na Assembleia Legislativa, para ser sabatinado pelos deputados.
Delazari, que não gosta de imprensa nem de dar satisfações sobre seu trabalho, foi convidado. Nesta qualidade, só responderá o que for de seu interesse. “Coincidentemente”, ontem, ele divulgou uma grande operação, que prendeu 279 pessoas com suspeita de envolvimento no tráfico de drogas.
Nas delegacias, quartéis e companhias de polícia, são constantes as reclamações dos policiais, que não conseguem executar a contento seu ofício, por causa das instalações físicas de delegacias e outras unidades policiais, até falta de equipamento e salário abaixo do esperado.
Os deputados terão, hoje, a missão de tirar algumas respostas satisfatórias de Delazari, para acalmar os paranaenses. Para ajudá-los, a Tribuna do Paraná Online compilou perguntas que as pessoas nas ruas, comerciantes, donas de casa, empresários, policiais nas delegacias e milicianos nos quartéis, gostariam de fazer ao secretário.
Perguntas que não calam
– Muita gente pede os antigos módulos policiais de volta, que propiciavam maior sensação de segurança, mas foram substituídos pelo Projeto Povo. Qual foi o resultado desta substituição no combate à criminalidade?
– A política de redução do efetivo policial para aumentar a qualidade do policial tem atingido o resultado pretendido na redução do crime?
– O efetivo da Polícia Civil é de 3.700 homens (em todos os setores, inclusive nos administrativos e contando com os 280 novatos que passaram no último concurso e ainda vão iniciar a Escola de Polícia em 16 de novembro). É o mesmo efetivo da década de 80, segundo a própria Polícia Civil, quando a população do Paraná era de 8.298.219 pessoas (de acordo com site do Ministério da Saúde) e a criminalidade era muito menor. Hoje são 10.686.228 pessoas residentes no Estado, que é rota para o tráfico de drogas e de armas. É possível esta polícia judiciária cumprir com o seu papel tendo um efetivo tão pequeno?
– A Sesp diz ter comprado 29 mil coletes à prova de balas nos últimos seis anos. Mesmo assim, existem policiais que afirmam não ter colete para trabalhar e que mais da metade dos que são usados estão vencidos. Se são 3.700 homens na Polícia Civil e 17.720 na Polícia Militar, a conta mostra que tem coletes sobrando. Onde estão?
– As frequentes operações “limpa-quartel” e as conhecidas “forças-tarefas” para atender casos de repercussão indicam que há falta de policiamento diário, principalmente o preventivo. Por que foram feitos tão poucos concursos para aumentar os efetivos das duas polícias?
– O secretário informou que a Corregedoria da Polícia Civil abriu 8.902 procedimentos nos últimos cinco anos. Se são menos de 4 mil os policiais na ativa, é de se supor que cada policial cometeu mais de duas infrações. Eles foram punidos por esses “deslizes” ou estes números estão errados?
– O último distrito policial inaugurado em Curitiba foi o 13.º, no Tatuquara. A população aumentou e os distritos, além de ficarem em apenas 13, tiveram suas atividades reduzidas, pois funcionam em horário comercial. Por que este descaso?
– As sedes dos distritos e das especializadas estão sucateadas, com problemas elétricos e hidráulicos e de esgoto. Ninguém vai providenciar os consertos?
– Há várias viaturas encostadas por falta de manutenção e a Subdivisão de Transporte e Manutenção avisa que mês passado acabou o contrato com a empresa que fazia a manutenção dos carros da PM e da PC e não sabe quando será renovado. Porque está acontecendo ,isso? A mesma subdivisão informa que não há pneus para substituir os que não estão mais em condições de uso. Onde são consertados os pneus furados? Onde são trocados óleo e filtro das viaturas?
– Por que a Sesp não monta uma oficina capaz de prestar atendimento à sua frota, sem precisar terceirizar o serviço? O reparo de uma viatura chega a demorar de três a quatro meses.
– Acabou o contrato com a empresa que fazia a manutenção das linhas telefônicas em várias delegacias e distritos, que estão com problemas nas linhas internas há mais de um mês. Quando isso será solucionado?
– Apenas o Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac), que conta em cada plantão com um delegado, dois escrivães e dois investigadores, funciona à noite na capital. Eles reclamam que precisam fazer os boletins de ocorrência, os termos circunstanciados e também o transporte de presos (para as carceragens do 12.º e 9.º DPs). O acúmulo de funções não permite que trabalhem direito. O que será feito para resolver isso?
– A promessa de elaborar um plano de cargos e salários para os policiais nunca foi cumprida. Um dia ela será?
– A Polícia Civil não consegue fazer investigações, por falta de efetivo. Estagiários trabalham em serviços internos que antes eram realizados por policiais, inclusive fazem boletins de ocorrência e até indiciam pessoas, na falta de escrivães, conforme reclamação de muitos delegados. Como a situação chegou a este ponto?
– Porque a Polícia Militar demora tanto para atender ocorrências quando é chamada pelo 190 e muitas vezes, na Região Metropolitana, nem faz o atendimento?
– Com policiais civis usando uniformes (os grupos especiais) e policiais militares trabalhando em investigações à paisana, não está ocorrendo uma troca de papéis que, além de confundir a população, ainda promove um desrespeito aos papéis das duas instituições, motivando atritos entre seus membros?
– A Polícia Civil tem se sentido bastante desprestigiada e muitos policiais comentam que há uma orquestração clara para que a instituição fique cada vez mais desacreditada e acabe por si só, de forma que a Polícia Militar passe a responder pela segurança pública. Há alguma verdade nisso?
– Por que casos que envolvem pessoas ricas e de prestígio são sempre resolvidos com rapidez e eficiência e as mortes de pobres e de desconhecidos ficam no limbo do esquecimento?
– No Instituto de Criminalística há falta de peritos e o atraso nos exames atrapalha o andamento da Justiça. Há solução a curto prazo?
– Por que desencadear uma megaoperação um dia antes da apresentação na Assembleia?
