Quatro presos morreram no Complexo Penal de Piraquara durante este final de semana. As investigações apontam que três deles foram assassinados por companheiros de cela, e um cometeu suicídio. Três presos já assumiram os homicídios.
No sábado, Adelsio Pereira Alves, 36 anos, preso por homicídio, foi encontrado enforcado em uma cela da Penitenciária Estadual de Piraquara II. Ele tinha pelo corpo várias marcas de agressão.
No domingo à tarde, Luiz Carlos de Paula, o “Ômega”, 36 anos, e Marcos Freitas de Jesus, conhecido por “Turco Louco”, 32, foram encontrados mortos sobre suas camas na Penitenciária Estadual de Piraquara I, completamente ensanguentados.
Marcos era apontado pela polícia como líder de uma quadrilha acusada de tráfico de drogas que tinha ligações estreitas com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
À noite, Marcos Antônio Vieira, vulgo “Tarin”, também foi encontrado enforcado dentro da cela, desta vez na Penitenciária Central do Estado. Esta morte, de acordo com as investigações preliminares, foi um suicídio.
Os principais suspeitos das mortes na PEP I e PEP II foram encaminhados à Delegacia de Piraquara onde foram ouvidos na manhã de ontem. Eberton Bales Bueno confessou ter assassinado Adelsio, Lucas Ferreira da Costa admitiu a morte de “Turco Louco”, e Sidnei de Souza confessou a morte de “Ômega”.
Eles foram autuados pelos homicídios e retornaram ao sistema penitenciário. O delegado Amadeu Trevisan, titular da Delegacia de Piraquara, acredita que outros presos estejam envolvidos nos homicídios.
“Não acreditamos que apenas um preso tenha causado as mortes, mas eles assumem para ganhar respeito dos outros presos, para se tornarem líderes de seus grupos”, explica.
Silêncio
Em depoimento, os agentes penitenciários garantiram que não registraram nenhuma briga entre os presos, e que apenas encontraram as vítimas já mortas, sobre suas camas.
“Ômega” e “Turco Louco” foram violentamente agredidos e atingidos por golpes de estoque, uma arma branca improvisada com pedaços de madeira. Adelsio, depois de agredido, foi enforcado para que a cena parecesse de suicídio.
“As brigas são silenciosas e acontecem dentro das celas. Eles matam e colocam na cama para que os agentes pensem que as vítimas estão descansando. Quanto mais tempo eles demoram para descobrir o homicídio, mais tempo os presos tem para estudar as respostas que serão dadas à polícia”, ressalta o delegado.
O delegado afirmou ainda que não há indícios de que exista uma lista de presos marcados para morrer, como foi denunciado por alguns colegas de cela das vítimas.
Para ele, as mortes foram motivadas por uma briga entre facções criminosas. A versão foi confirmada pela Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) que, através de nota, afirmou que “trata-se de desentendimento entre facções rivais que tem possivelmente o tráfico de drogas como motivo do desacerto”.
Na nota consta que os órgãos públicos envolvidos estão “adotando as medidas necessárias para reprimir a prática dos crimes e responsabilizar os envolvidos”, e que foi determinada a instauração de sindicância administrativa para apurar a morte dos presos. Ministério Público, o Poder Judiciário e a Ordem dos Advogados do Brasil foram oficiados para auxiliar nas investigações.