Considerada uma das regiões mais perigosas de Curitiba, o Cajuru novamente se destacou pela violência neste sábado.
Em pouco mais de oito horas, três pessoas foram assassinadas a tiros. A polícia ainda não sabe se há relação entre os crimes. A falta de apoio dos moradores, que temem sofrer represálias caso forneçam alguma informação à polícia, dificulta as investigações.
O último dos três homicídios aconteceu no interior de uma casa, na Rua Leonardo Gelinski, próximo à esquina com a Rua dos Ferroviários, na Vila Autódromo. Lá o jovem Thiago da Mota Malosti, 20 anos, foi executado com oito tiros, enquanto dormia. O assassinato ocorreu pouco depois das 9h. Conforme relatou o soldado Peterle, do 20.º Batalhão da Polícia Militar, ninguém se manifestou sobre o crime. ?Nem mesmo os familiares da vítima, que estavam dentro da residência, quiseram falar. Disseram que estavam dormindo e não viram nada?, lamentou o policial.
Apesar do silêncio, o investigador Magalhães, da Delegacia de Homicídios, apurou que, provavelmente, se tratou de crime passional, praticado por dois indivíduos. ?O avô abriu a porta da casa e os matadores disseram que o problema não era com ele. Então entraram e atiraram em Thiago?, relatou Magalhães. Após os disparos, um dos assassinos teria dito ?esse não mexe mais com mulher de malandro?. A dupla fugiu a pé e não foi localizada. No aposento, restaram apenas algumas cápsulas de pistola 9 milímetros e o corpo da vítima, atingido nas costas, no peito, no rosto, no ombro e no braço direito.
Os comentários em volta da casa do jovem eram de que ele era usuário de drogas e já havia sido preso por roubo. ?Segundo a mãe, ele cumpriu dois anos na Colônia Penal Agrícola e saiu ano passado?, disse Magalhães. Uma parente de Thiago também comentou com os policiais que este foi o terceiro membro da família assassinado em menos de quatro meses, mas não forneceu mais detalhes a respeito das mortes anteriores.
Mais um, no meio da rua
Pouco depois do assassinato de Vilson Alves, na Vila Autódromo, a polícia foi acionada para outra ocorrência, desta vez na Moradias Cajuru, onde tiros foram ouvidos por moradores. Chegando na esquina das ruas João Crysóstomo da Rosa e Vicente Palotti, por volta de 1h30, os policiais encontraram o corpo do adolescente Thiago Henrique Pereira, 15 anos, caído no asfalto, atingido por dois tiros no rosto.
A mãe do garoto, que compareceu ao local do crime, disse aos policiais que não queria falar sobre o ocorrido porque temia por sua vida. Ela já teve uma filha assassinada anteriormente. No entanto, pelo que foi comentado por populares, os autores do homicídio estariam procurando por Thiago para cobrar uma dívida referente à compra de uma motocicleta.
Investigações
Os três assassinatos ocorridos no bairro serão investigados pela Delegacia de Homicídios, que também investiga a morte de um andarilho, ocorrido na tarde de quinta-feira, em um beco no final da Rua João Gribogi, na Vila Menino de Deus. Ele foi morto com pelo menos dois tiros.
Fuzilado dentro do carro
A poucas quadras da casa em que Thiago da Mota Malosti foi executado, também na Vila Autódromo, o desempregado Vilson Alves, 42 anos. foi baleado e morreu dentro de um veículo, no início da madrugada de sábado. Ele estava na Rua Denise Maria Scremin Lau, quando foi surpreendido por indivíduos que se aproximaram e atiraram várias vezes. O corpo da vítima ficou estendido no banco dianteiro do Gol prata, placa JDV-9866.
Como de praxe, ninguém soube dizer o que aconteceu, à polícia. Bastante emocionada, a esposa da vítima contou aos investigadores da Delegacia de Homicídios que desconhecia os motivos e a autoria do assassinato.
Pelo que foi levantado pela perita Solange, do Instituto de Criminalística, Vilson foi baleado duas vezes na cabeça e ainda levou um tiro de raspão no braço direito. A lataria, os vidros e o interior do veículo também foram atingidos. No local, foram recolhidos fragmentos de chumbo e sete cápsulas de pistola calibre 380.