Assalto, perseguição, tiros, capotamento e uma correria digna de filme policial marcaram o trajeto do centro de Campo Largo até a ponte sobre o Rio Verde, no quilômetro 110 da BR-277, sentido Ponta Grossa-Curitiba, na noite de terça-feira. O saldo da ação cinematográfica foi de três marginais mortos, um preso, um carro destruído e parte do dinheiro levado no roubo recuperado.
Tudo começou com o assalto ao supermercado Dip, na Rua João Batista Valoes, centro de Campo Largo, por volta das 20h30. Um grupo armado invadiu o estabelecimento e roubou R$ 2.729,00. Para a fuga utilizou dois carros: um Fiat Tipo e outro veículo não identificado, mas que poderia ser um Fiat Brava. Policiais militares da 3.ª Companhia (17.º Batalhão), ao comparecerem no supermercado, foram informados do roubo e deram início às diligências. Na seqüência foram comunicados que um veículo suspeito estava na saída de Campo Largo e para lá se dirigiram. Ao notarem a aproximação de uma viatura da PM, os ocupantes do Fiat Tipo, placa BAT-2220, iniciaram a fuga fatal, entrando na rodovia sentido Curitiba.
Tiros
Duas viaturas da PM fizeram o chamado acompanhamento tático (observando à distância) enquanto o Fiat Tipo desenvolvia alta velocidade e realizava ultrapassagens arriscadas pela rodovia. Em determinados pontos, os marginais chegaram a atirar contra as viaturas, conforme informações dos PMs. O posto da Polícia Rodoviária Estadual, localizado nas imediações, foi notificado da situação e se preparou para fazer um bloqueio policial e prender os marginais.
Em uma descida da rodovia, próximo a ponte do Rio Verde, o motorista do Tipo começou a perder o controle do veículo, colidindo levemente contra um barranco. Esse esbarrão fez com que o carro se desgovernasse e batesse na cabeceira da ponte, caindo dentro do rio. O Tipo ficou com as rodas para cima e destruído. No capotamento, um dos marginais foi atirado para fora do carro, já sem vida.
Os policiais militares chegaram em seguida e deram início aos trabalhos de resgate. Devido a escuridão, a primeira informação surgida era de que apenas outro assaltante estaria morto nos destroços do carro. “Junto ao corpo de um dos marginais encontramos uma pistola calibre 380”, relatou o soldado Visinoni, que participou da perseguição juntamente com o sargento Irineu e soldados dos Santos e Valdir.
Surpresa
Após o acidente, foram acionados ambulâncias e o guincho da Rodonorte (concessionária responsável pela rodovia) que deram continuidade ao trabalho de remoção do carro. Duas horas depois do capotamento, o Fiat Tipo começou a ser retirado da água, rasa, que cobria pouco mais de 40 centímetros de altura. Quando o carro foi desvirado para ser içado, dois corpos foram arremessados para fora e um fato surpreendente aconteceu. Um quarto marginal começou a se mexer no interior do veículo, causando grande alvoroço. Temendo que ele estivesse armado e atirasse para tentar escapar, os policiais gritaram para que o assaltante colocasse as mãos à vista e para os jornalistas da Tribuna e alguns curiosos – que acompanhavam a situação – para que se abaixassem atrás da mureta da ponte.
Depois de mostrar as mãos, o único sobrevivente foi algemado e retirado de dentro do carro. A caminho da ambulância, ele informou que se chamava Fabiano Vieira, 22 anos. O fato do rapaz ser retirado ileso intrigou as pessoas que estavam no local, pois Fabiano permaneceu mais de duas horas dentro do carro capotado e parcialmente alagado sem emitir sequer um sinal de vida para ser salvo. Junto aos cadáveres foram encontrados sacos de moedas e maços de dinheiro, totalizando pouco mais de R$ 1 mil. “Morreram agarrados com o dinheiro”, comentou um dos curiosos.
Antecedentes criminais
Os assaltantes que morreram no acidente foram posteriormente identificados como: Lidiomar Inácio da Silva, Edeno Inácio da Silva (primos) e José Manoel dos Santos, 40 anos. De acordo com dados da delegacia de Campo Largo, os primos já contavam com antecedentes criminais por roubo e tráfico de drogas. José era funcionário da Prefeitura local e trabalhava como motorista de ambulância. Ele e Fabiano (o criminoso sobrevivente) não possuíam ficha criminal.
Fabiano foi autuado pelo roubo ao supermercado e está recolhido no xadrez da delegacia de Campo Largo. Ele foi transferido para lá depois de receber atendimento médico. A polícia continua investigando se a quadrilha tem ligação com outros roubos ocorridos na região.