Boletins de ocorrência empilhados sobre mesas de delegacias e famílias em luto reunidas no pátio do Instituto Médico-Legal, foi o retrato do fim de semana, em Curitiba e região.
De sexta-feira a domingo, 26 pessoas foram assassinadas, atingindo a impressionante e lamentável média de uma vítima a cada 2 horas e 52 minutos. Não está incluída a morte ocorrido ontem à noite.
Somente na capital, foram nove homicídios e duas pessoas mortas em confrontos com a Polícia Militar. O mesmo número registrado em Colombo, Piraquara e Pinhais, juntos. A violência ainda atingiu São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Campo Largo, Lapa e Fazenda Rio Grande.
As investigações já começaram, porém boa parte está na estaca zero, ou pela estrutura das delegacias ou pela falta de colaboração da população. ?No início, as pessoas ficam com medo de passar alguma informação. Porém, no decorrer dos dias, começam a chegar denúncias e podemos apurar melhor os crimes?, informou a delegada Márcia Marcondes, do Alto Maracanã, em Colombo.
A delegacia investiga quatro homicídios ocorridos no município, desde sexta-feira. Destes, apenas sobre a morte do comerciante Antônio Lemos, 33 anos, na Vila Zumbi dos Palmares, já há pistas.
?Há indicativos de latrocínio (roubo com morte) e o autor seria da região. O crime deverá ser elucidado rapidamente?, afirmou a delegada. Ainda há poucas informações sobre os demais assassinatos.
Piraquara
somente na madrugada de domingo, três pessoas foram mortas em Piraquara. ?Já temos informações sobre a morte de Celso Roberto de Oliveira, 30, ocorrida durante uma festa junina, no bairro Santa Mônica?, contou o delegado Osmar Feijó.
Segundo testemunhas, a vítima teria discutido com o sobrinho do diretor de uma escola. Celso trocou tiros com o diretor e, depois, ainda teria sido baleado pelo sobrinho. ?O tio está internado no Hospital Cajuru e o sobrinho está desaparecido, provavelmente com as duas armas usadas na confusão?, concluiu Feijó. Nos outros dois casos, não há suspeita de autoria.
Curitiba
Na capital, a polícia praticamente elucidou dois dos nove homicídios registrados nos últimos dias. A assassina de Roseli da Silva Ramos, 18, morta na madrugada de sábado, na Vila Guaíra, se apresentou ontem, na Delegacia do Adolescente. Trata-se de uma garota, de 17 anos. Já há informações sobre os responsáveis pela morte de Leonildo Ribeiro dos Santos, 51, na manhã de sexta-feira, no Uberaba.
Festa regada a sangue
Giselle Ulbrich
Em vez de um morto e um ferido, a festa junina feita no centro de Fazenda Rio Grande, na noite de sexta-feira, deixou um saldo maior. Foram dois mortos e oito feridos.
Por volta das 22h, segundo levantamentos da delegacia local, houve briga de gangues. O integrante de um dos grupos sacou uma arma e começou a atirar para intimidar seus rivais e assustar a multidão. Acertou oito pessoas, algumas delas nada tinham a ver com as gangues. Esse foi o caso de Robson Vitor Pereira, 18 anos, que se divertia com a namorada e a família.
Atingido por um disparo, ele foi levado por parentes ao pronto-socorro local e, posteriormente, foi transferido ao Hospital do Trabalhador, onde morreu por volta das 4h de sábado.
Os outros sete baleados, até onde sabe a polícia, não correm risco de morte. De acordo com o investigador Marcos Antônio Gogola, suspeita-se de um adolescente, morador no município.
Outro
Mais tarde, houve novo tiroteio na festa junina. No início da madrugada, Aparecido Alves dos Santos, 26, e Marcos Antônio Ferreira, 18, foram baleados quando saíam, por indivíduos que ocupavam um Gol bordô e duas motos Titan. O caso, acredita-se, seria briga por causa de mulher. Aparecido morreu na hora e Marcos foi levado ao Hospital Evangélico, onde permanece internado sem risco de morte.
Morto atrás do balcão
O comerciante Vanildo dos Santos foi assassinado dentro de seu bar, na noite de domingo, no Tatuquara. O crime já está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios.
Segundo levantamentos de investigadores, Vanildo estava atrás do balcão de seu comércio, na Rua Elói de Carli, quase esquina com Rua Enete Dubarde, quando por volta das 18h, três indivíduos armados entraram e o executaram. Não se sabe quem eram esses homens nem por qual motivo fizeram isso.
Vanildo veio há cinco meses de Palmital e estabeleceu-se no Tatuquara, onde morava num sobrado.