Banho de sangue no interior do posto rodoviário. |
Três assaltantes mortos e um gravemente ferido foi o saldo do tiroteio ocorrido às 22h de anteontem, no posto da Polícia Rodoviária Federal, em Barra Velha, no quilômetro 82 da BR-101, Santa Catarina. A quadrilha, especializada em roubos de camionetas, era procurada pela polícia paranaense desde o início do ano passado, quando foi desarticulada pelo Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), da Procuradoria de Investigação Criminal (PIC). Composta por mais de 20 indivíduos, o bando era liderado pelo policial civil Samir Skandar, que está foragido.
De acordo com informações apuradas pelos policiais rodoviários catarinenses, foram mortos na ação os quadrilheiros Hércules Lemos da Silva, Paulo Roberto Alexander Prosdócimo (conhecido como “Tanaka”) e o indivíduo que atendia pelo nome de Ricardo, mas que pode ser Josenei Lemos da Silva, irmão de Hércules. Ficou ferido com quatro tiros no peito e está em estado grave no Hospital Regional o assaltante Paulo Roberto Prosdócimo Filho, apelidado de “Preto”, irmão de “Tanaka”. Com eles foram apreendidas duas pistolas automáticas e a camioneta Cherokee, placa AJL-1953, de Curitiba. Não há registro de roubo deste veículo.
Reação
Os quatro indivíduos trafegavam pela BR-101, sentido a Florianópolis (SC) com a camioneta, quando foram abordados no posto rodoviário, numa fiscalização de rotina. Três policiais estavam em serviço e ordenaram que o motorista do veículo abrisse o porta-malas para uma revista. O condutor atrapalhou-se com as chaves, dando a entender que não conhecia bem o carro. Suspeitando de que poderia haver alguma irregularidade, os policiais mandaram que todos saíssem do veículo, para ser revistados.
Três deles entraram no posto policial e o quarto indivíduo ficou do lado de fora, falando ao celular. Dois patrulheiros, dentro do posto, passaram a verificar os documentos dos suspeitos, e o terceiro policial também ficou do lado de fora, observando o indivíduo que estava ao telefone. Assim que desligou, o sujeito guardou o aparelho no bolso e imediatamente sacou de uma pistola.
Tiros
Gritando “eles estão armados”, o policial sacou imediatamente sua pistola e passou a atirar. Acertou primeiro o suspeito que estava a sua frente e depois, atirando através dos vidros do posto rodoviário, acertou os outros três. Dois morreram na hora e o terceiro a caminho do hospital. O sobrevivente encontra-se em estado grave. Segundo a Polícia Rodoviária, o policial que reagiu é campeão de tiro em Santa Catarina.
Os suspeitos estavam portando documentos falsos e dentro da camioneta foi encontrada uma maleta com diversas ferramentas e fitas adesivas, dando a entender que o grupo iria praticar assaltos na região. Quanto à camioneta que os quadrilheiros usavam, a polícia ainda não sabe a procedência. Embora não exista queixa de roubo, pode se tratar de um veículo “clonado” ou que esteja com documentos e placa falsos.
Quadrilha
A partir de 2000 e até meados do ano passado, Curitiba e Região Metropolitana se transformaram em verdadeiro “paraíso” para ladrões de camionetas importadas. Quadrilheiros armados perseguiam proprietários destes veículos e os assaltavam, muitas vezes até mesmo na saída das lojas onde os carros eram adquiridos. As seguradoras já estavam se recusando a fazer os seguros dos veículos ou cobravam valores bastante altos para segurá-los, devido ao risco que existia.
Uma força-tarefa chegou a ser montada com policiais civis e militares (comandada pelo hoje deputado estadual Mário Sérgio Bradock e pelo tenente da PM Rui Barroso) para combater esse tipo de delito. Mais tarde o Gerco entrou nas investigações e surgiu o nome do policial Samir Skandar como líder da quadrilha. Alguns prisões foram efetuadas, como as de Josenei Lemos da Silva, Luciano Arruda e Cesar Brunetti. Os três conseguiram fugir, no ano passado, do Centro de Triagem da Polícia Civil.
A quadrilha costumava roubar em Curitiba e região e vender os veículos no Paraguai (via Foz do Iguaçu), e em Florianópolis, para o desmanche de Ronei Leal de Almeida, que também teve prisão preventiva decretada e até hoje está foragido. Suspeita-se que a Cherokee usada pelos bandidos mortos pudesse estar sendo levada para o desmanche de Ronei.