BpTran

Trânsito em Curitiba foi mais violento ano passado

O número de pessoas que perdem a vida em acidentes de trânsito tem aumentado em Curitiba. Em 2009, 72 pessoas morreram em função de atropelamentos e outros tipos de ocorrências. No ano passado, de janeiro a dezembro, foram 91 mortes. O fato vem preocupando autoridades e especialistas em trânsito.

Fábio Alexandre
Segundo BpTran, 70% das ocorrências envolveram motos.

“O aumento na quantidade de óbitos se deve ao crescimento da frota de veículos em Curitiba, que é de quase 4% este ano, aliada à imprudência que acompanha os motoristas no dia a dia”, diz o soldado do Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba (BpTran), Gerson Teixeira.

Ele lembra que, de 2008 para 2009, o número de mortes diminuiu bastante (de 102 para 72 casos), e atribui a queda à entrada em vigor da chamada Lei Seca. “Porém, o aumento verificado em 2010 também demonstra que os motoristas estão relaxando quanto a não beber antes de dirigir.”

Em relação ao número total de ocorrências, houve uma redução (veja no quadro). “Setenta por cento dos acidentes que acontecem em Curitiba envolvem motocicletas. Geralmente, são jovens pilotando, indo para a faculdade ou para o trabalho”, declara Teixeira.

Em relação às motos, a imprudência, segundo ele, é verificada quando os condutores não se dão conta dos riscos de passar no meio de outros veículos. “Querem fazer tudo rápido, avançando sinal, se arriscando em dias de chuva e sendo desatentos em relação a pedestres. As motos são desprovidas de segurança, mais muita gente não presta atenção a isso.”

Homens

Ciciro Back
Aumento na frota do município é apontado como uma das causas.

Outros tipos de imprudência, verificados no dia a dia, entre motoristas de todos os tipos de veículos, estão o excesso de velocidade, uso de telefone celular, consumo de bebidas alcoólicas, não utilização do cinto de segurança, pressa e desatenção.

Segundo Teixeira, embora existam muitas mulheres envolvidas em acidentes, os homens costumam ser os mais imprudentes. “Existem exceções, mas geralmente as mulheres são mais cuidadosas e cautelosas no trânsito.”

Em confirmação ao que diz o soldado, o presidente da comissão de direitos de trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), Marcelo Araújo, lembra que as seguradoras costumam cobrar mais caro de motoristas com menos de 25 anos, do sexo masculino e solteiros.

“As seguradoras consideram perfis de grupo. Entendem que os homens, jovens e sem esposa e filhos se preocupam menos com a própria segurança e costumam ser mais imprudentes. Já as mulheres têm um instinto maior de proteção e se preocupam mais em cuidar do próximo e de si mesmas.”

Respeito

Quanto ao desrespeito às leis de trânsito, Marcelo comenta que as regras ainda não foram totalmente incorporadas na cultura dos motoristas, embora existam muitos trabalhos e campanhas voltadas à conscientização.

“O fato das regras existirem deveria fazer com que, por si só, elas fossem respeitadas. Porém, ainda é preciso que sejam adotadas punições para que as pessoas mudem o próprio comportamento”, declara.

Instituto quer mais apoio às famílias de vítimas

Anderson Tozato
Cristiane Yared: há como evitar.

Promover ações de educação para o trânsito e apoio a famílias que perderam pessoas vítimas de acidentes de trânsito. No último mês de novembro, foi lançado em Curitiba o Instituto Paz no Trânsito, uma iniciativa a mais que tem como intuito tornar o trânsito das grandes e pequenas cidades menos violento.

A organização foi idealizada por Cristiane Yared, que perdeu o filho, Gilmar Rafael, no acidente envolvendo o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, em 7 de maio de 2009. “O Instituto nasceu em meu coração logo após a morte de meu filho. Apesar de recém-lançado, ele já tem bastante adesão”, conta.

Ao sofrer na pele a perda de um familiar vítima de acidente de trânsito, Cristiane conseguiu identificar algumas falhas existentes. Entre elas, a inexistência de órgãos governamentais, pastorais e conselhos de psicologia que dêem apoio às famílias das vítimas.

“Uma mãe que perde seu filho em um acidente de trânsito não quer mais viver. Ela só quer dormir e chorar. Por isso, criamos um trabalho de apoio, que ajuda os familiares a seguirem em frente e tenta evitar a total desestruturação das famílias. O objetivo é ajudar os familiares a passarem pela dor”, diz. “Para 2011, o projeto é tentar levar núcleos de apoio em prefeituras municipais, treinando e capacitando pessoal para realizar atendimentos.”

Ações

O Instituto também promove palestras e fóruns sobre trânsito reunindo pedagogos, psicólogos, advogados e outros especialistas. Além disso, realiza ações em escolas, fazendo com que as crianças se tornem propagadoras de informações.

“No Brasil, acidente de trânsito ainda é encarado como fatalidade. Porém, fatalidade é algo que não podemos evitar. Acidentes de trânsito podem ser evitados”, finaliza Cristiane.

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