Tragédia põe fim à vida de garotinho

O amor dedicado ao filho adotivo, desde quando ele ainda estava sendo gerado pela mãe biológica, deu lugar à tristeza e à revolta para os pais de Rodrigo Messias de Oliveira, 11 anos. Na noite de terça-feira, ele foi morto com um tiro na cabeça, quando estava junto do pai no quintal da casa deles, na Rua Pedro Ercole, Vila Reno, Uberaba. Uma das hipóteses para a tragédia é de bala perdida. A outra é de que o garoto foi assassinado por um vizinho.

Desconsolado e sentado na mureta da garagem, onde estava o filho quando foi baleado, Nivaldo Messias de Oliveira, 31, lembrou como tudo aconteceu. "Era cerca de 20h. Eu estava arrumando meu carro e ele estava me olhando. Quando bati a porta ouvi um estouro e vi meu filho caído no chão. Ele disse ?pai’ e começou a vomitar", contou Nivaldo. Desesperado, o homem colocou o garoto no carro, chamou o vizinho e foi até o Hospital Cajuru. O menino ficou internado até a noite de quarta-feira, quando morreu.

Tiro

O tiro acertou próximo ao ouvido de Rodrigo. O sangue era tanto que o pai não soube dizer se ele foi atingido no lado esquerdo ou direito da cabeça. Nivaldo aguarda o exame de necropsia para solucionar a dúvida, uma vez que o resultado poderá esclarecer se o menino foi ou não vítima de bala perdida.

"Se ele foi atingido do lado esquerdo, acredito que o tiro foi acidental, pois foi dado em outra rua e passou pelo vão de nossa casa. Mas se o atingiu do lado direito, acho que alguém atirou da rua contra ele", contou Nivaldo.

Os parentes de Rodrigo desconfiam de um vizinho da família, que já tinha ameaçado matar o menino há dois meses. Rodrigo jogava bolinha de gude em frente de casa e chamava seus vizinhos da mesma idade para brincar. O pai deles não gostava e por isso passou a ameaçar o menino. Até a tarde de ontem nenhum policial tinha ido até a casa da família.

Enterro

Ontem à tarde, quando aguardava a chegada do corpo para ser velado na própria casa, Nivaldo estava na companhia de vários vizinhos, entre eles dezenas de crianças que ainda não entendiam a gravidade da situação. A mãe de Rodrigo, Marcilene Teixeira de Carvalho, 33, passou a tarde na igreja, onde o corpo do filho receberia uma bênção antes de ser velado. Parentes do casal vieram do município de Nardélia, no interior do Estado, para consolar a família. "Depois do enterro, nós vamos embora daqui. Vamos voltar para o interior e tentar reconstruir nossas vidas", disse o pai.

Ele contou que sua mulher não pode ter filhos e por isso eles resolveram adotar Rodrigo. O casal morava em São João do Ivaí, e lá acompanharam a gestação da mãe biológica, desde os cinco meses de gravidez. Assim que a criança nasceu eles vieram morar em Curitiba, em busca de uma vida melhor. O plano do casal para os próximos meses era adotar uma menina, mas com a tragédia, o sonho deverá ser prorrogado. "Ele era coroinha da igreja e todos os sábados nós íamos à missa.

No próximo sábado vai ter uma festa juliana na igreja e ele estava todo animado. Rodrigo era obediente, estudioso e um menino de ouro", disse o pai segurando o retrato do filho.

Bandidos aterrorizam vila com tiroteios e mortes

Na mesma noite em que Rodrigo Messias de Oliveira, 11 anos, foi morto com um tiro na cabeça, a Vila Icaraí, vizinha de onde o menino morava, também foi palco de vários crimes. Duas pessoas morreram e uma casa foi incendiada. Se o garoto foi realmente vítima de bala perdida, não se descarta a possibilidade de ele ter sido atingido por bandidos que estavam disparando tiros na Vila Icaraí.

O primeiro homicídio ocorreu às 20h30 de terça, próximo do horário que Rodrigo foi atingido. José Carlos Paulista, 28 anos, estava no interior de um bar, na Rua Emilio Berling Filho, jogando fliperama quando dois homens armados entraram no bar e o executaram com vários tiros. Por volta das 4h, Alexandre da Silva, 19, foi executado no interior da casa de sua namorada, na Rua Ouro Preto. Três indivíduos chegaram em frente à moradia, arrombaram a porta e chamaram Alexandre pelo nome. Ele levantou e ao sair do quarto foi surpreendido pelos tiros. Na Rua Miguel Tatarin, a algumas quadras do bar onde José foi morto, uma pequena casa de quatro cômodos pegou fogo. Moravam ali uma mulher e seus três filhos. Há informações que traficantes de drogas teriam dado ordem para a mulher deixar a casa e avisado que ateariam fogo na residência. Por enquanto, investigadores da Delegacia de Homicídios ainda não apuraram se há ligação entre os crimes e o incêndio.

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