A invasão do tráfico de drogas em áreas onde o baixo poder aquisitivo de moradores predomina, não é uma exclusividade do Rio de Janeiro. Prova disso foram as detenções realizadas ontem, em Curitiba, pela Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone), na Vila das Torres, um dos bolsões de pobreza na capital. Em um trabalho que durou seis horas, policiais militares conseguiram prender 10 indivíduos, seis deles menores de idade, e apreender armas, entorpecente e dinheiro proveniente do comércio de drogas. As detenções dos menores confirma que o tráfico vem recrutando pessoas para o “trabalho” cada vez mais cedo. Os detidos são integrantes de duas facções rivais que agem na Vila das Torres, conforme levantamentos realizados pela PM. A exemplo do Rio de Janeiro, os grupos mantêm armamentos para a disputa dos pontos de venda de entorpecentes.
Por volta das 9h, policiais da Rone se deslocaram à vila, para realizar patrulhamento na área visando diminuir o número de roubos que estão ocorrendo nos cruzamentos da Avenida das Torres. De acordo com o soldado Gaio, numa dessas esquinas, Dionei Costa da Silva, 34 anos, foi abordado. Na revista pessoal, foi encontrada uma caixa contendo munição calibre 22. Perguntado sobre o destino das balas, ele informou aos policiais que metade era para ele, para ser usada em sua defesa pessoal, e o restante para Cleber. Além disso contou que, em seu carrinho de papel, estava escondido um revólver calibre 22. Como não possuía porte de arma, foi preso. Próximo ao carrinho estava Roberto Vinícius, 38, que também foi detido.
Os PMs iniciaram busca atrás de Cleber Arruda dos Santos, 18, e o encontraram em um barracão de lixo reciclável, onde trabalha. Ele também estava armado com um revólver calibre 22 e acompanhado por dois menores que escondiam mais munição (algumas cápsulas deflagradas) e pequena quantidade de maconha.
Guerra
Detidos, eles confessaram que estavam se armando para se defender de um outro grupo da favela que pretendia atacá-los. Segundo levantamentos da PM, o grupo denominado “os chiqueirinhos” mantém seu domínio territorial nas proximidades do canal Belém, na chamada parte baixa da Vila das Torres. Como apenas uma viatura da Rone estava realizando o patrulhamento do local, foi solicitado reforço. Mais viaturas da Rone e do Serviço Reservado (P2) se deslocaram para a vila.
Foi feito o isolamento da área onde estaria localizado o “quartel general” e os barracos pertencentes aos integrantes da “os chiqueirinhos”. Em uma das casas vasculhadas pela PM, vários menores foram surpreendidos pela polícia e flagrados com entorpecentes e armas. “Chegamos ao local e flagramos os menores assistindo filmes em um DVD e ouvindo música”, relatou o policial Gaio.
No local, a polícia encontrou dois revólveres calibre 38, duas armas de brinquedo, uma espingarda calibre 28 e munições, além de 107 pedras de crack e R$ 2.350,00 em dinheiro: Os menores não souberam explicar a procedência do dinheiro. Ainda em diligências pela Vila das Torres foi encontrado um sujeito com talão de cheques roubado. De acordo com os policiais militares, diante das afirmações dos detidos, se não tivessem ocorrido as prisões, nos próximos dias uma batalha por pontos de tráfico aconteceria na vila. “Há outros integrantes soltos dessas quadrilhas e há necessidade de prendê-los”, afirmou um dos soldados da Rone.
Conforme Gaio, com exceção de Cleber, todos os outros detidos contam com antecedentes criminais, inclusive os menores. Roberto Vinícius, por exemplo, disse que foi detido por engano, mas já cumpriu pena de quatro anos e meio no presídio do Ahú e Colônia Penal Agrícola por furto e agressão física.
