Por descumprir a ordem de marginais para fechar o seu estabelecimento às 19h de sexta-feira, o comerciante José Rogério da Silva quase pagou com a própria vida por “afrontar os bandidos”. Ele foi ferido com um tiro na cabeça quando fechava as portas de seu bar, no cruzamento das ruas Sebastião Marco Luís e Paulo Frontin, no Cajuru, à 1h55 de sábado. Jonathan Martins, que passava pelo local, levou um tiro na perna. Os dois foram socorridos pelo Siate e conduzidos ao Hospital Cajuru.

De acordo com informações apuradas no local pela polícia, os traficantes da região teriam anunciado que não queriam nenhum estabelecimento aberto nem morador nas ruas após as 19h. Ninguém soube informar se José abriu o bar ou estava lá dentro e saiu do local mais tarde.

A única informação é que quando ele abaixava a porta, dois homens ocupando uma motocicleta passaram e efetuaram vários tiros. Um deles feriu a cabeça do comerciante e o outro a perna de Jonathan, que estava nas proximidades.

Investigações

O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios, que está apurando o que realmente ocorreu. Mas como no local predomina a “lei do silêncio” e as pessoas temem denunciar, acreditando que desta forma estão protegendo a própria vida, será uma tarefa difícil para a polícia.

Na quinta e na sexta-feira passadas, policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e do Grupo Tigre, fizeram uma operação especial na região, considerada uma das mais violentas da capital. Homens fortemente armados, com veículos blindados, saturaram a região e prenderam cerca de dez pessoas. De acordo com o delegado titular do Cope, Marcus Michelotto, a ordem para o trabalho de saturação policial partiu da própria Secretaria de Segurança Pública, que percebeu a necessidade de promover um mínimo de segurança aos moradores do bairro.

Segundo dados estatísticos a região é a segunda no ranking de assassinatos e de comércio de drogas, perdendo apenas para a Cidade Industrial. Também nos bairros Cajuru e Centenário morreram duas vítimas de balas perdidas este ano. Apesar de operações e várias prisões ocorridas nos últimos meses, os marginais continuam dominando estas áreas. Prova disso foi o toque de recolher imposto pelos criminosos, que assim encontraram uma forma de desafiar a polícia e aterrorizar ainda mais a população.

continua após a publicidade

continua após a publicidade