Traficantes fuzilam garoto na Vila das Torres

Oito tiros de pistola calibre 380 calaram Juliano de Moraes, 17 anos, em plena luz do dia, na esquina das ruas Manoel Martins de Abreu e Manoel Freire, na Vila das Torres. A vítima foi assassinada por dois rapazes, tidos como integrantes de uma gangue da região, ligada ao tráfico de drogas. Vingança seria o motivo do crime.

No local pouco foi dito aos policiais militares do 13.º BPM que atenderam a ocorrência. O medo de se envolver com assuntos alheios impede muita gente de prestar informações. Ali a “lei do silêncio” predomina e é sinônimo de segurança. “Apesar da grande movimentação, ninguém quis falar. Comentaram apenas que a morte é resultante de uma rixa antiga entre jovens”, disse o sargento Caneti. Com a vítima não foram encontradas armas.

Vingança

Somente após a saída das viaturas da Polícia Militar, Instituto de Criminalística e Instituto Médico-Legal, carregando o corpo do jovem, é que o motivo do crime veio à tona. Uma irmã de Juliano, há cerca de seis meses, informou à polícia os nomes de possíveis integrantes de uma das gangues envolvida no tráfico de drogas na região da Vila das Torres. A partir da denúncia, dois suspeitos foram presos. Em represália, o grupo decidiu dar um corretivo na menina. Em 21 de outubro, ela recebeu um tiro de pistola ponto 40 na perna. O tiro provocou grande ferimento. Atualmente, a vítima tem pinos e ferros na perna e se locomove com dificuldade. Quando foi baleada, ela recebeu um aviso, em tom de ameaça: “Se contar mais alguma coisa (para a polícia) …”

O aviso foi seguido à risca pela garota, mas a gangue não entendeu assim. Mesmo sem motivo aparente, dois indivíduos identificados como “Alanzinho” e “Ica” dispararam contra Juliano, às 17h de ontem. No momento, muita gente circulava pelo local onde o rapaz foi assassinado, pois fica em frente a um supermercado.

Comentários indicaram que os criminosos agiram a mando de um tal Inaldo, que seria o chefe da gangue na Vila das Torres. Ele seria irmão do antigo mandante da área, o traficante “Ronaldinho”, que foi morto este ano, dia 23 de fevereiro, na própria vila.

Sem sossego

Com a morte de Juliano e as ameaças contra a irmã dele, a família não vê outra alternativa a não ser fugir da Vila das Torres, pois não há mais segurança. “Tenho certeza de que a próxima vítima serei eu”, disse a irmã, desconsolada.

No local, a polícia também foi responsabilizada pelo assassinato. “A denúncia de nada adiantou. Quando a polícia soltou os dois, vieram outros integrantes e fizeram a vingança”, contou um morador.

Segundo a família, Juliano não tinha antecedentes criminais, não fazia uso de drogas nem participava de gangues. A Delegacia de Homicídios teve acesso aos mesmos depoimentos que a Tribuna e agora investiga o caso.

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