A morte de um traficante de drogas em Matinhos, na tarde de terça-feira, em confronto com a polícia, revelou como os traficantes do litoral expandem sua atuação. Eles invadem terras, distribuem pedaços de chão a viciados ou a quem não tem onde morar e passam a “mandar” na área invadida. Casas com aparente abandono fora de temporada também são invadidas por traficantes, que usam o imóvel para fazer, vender ou guardar drogas.
O suspeito de tráfico morto em Matinhos, anteontem, é Weverton Felipe Alves Trindade, 21 anos. Segundo o capitão César Kamakawa, comandante da companhia da Polícia Militar em Matinhos, Weverton era conhecido da polícia e tinha mandado de prisão em aberto por tráfico. Várias denúncias chegaram à PM contra o rapaz também por roubo e furtos e por violência contra moradores das invasões. Alguns denunciantes contaram à polícia o esquema de “loteamento” ilegal. Com isso, Weverton obrigava viciados a apenas comprar drogas dele e recrutava pessoas para trabalharem no tráfico.
Diferente de outras cidades paranaenses, a prática de expandir o tráfico com invasões de terras é comum em Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná, de acordo com Kamakawa. No ano passado, a PM fez operações contra as invasões em Guaratuba e Matinhos. “Mesmo quando não pegamos drogas com as pessoas, para fazer o flagrante por tráfico, os invasores são levados presos em flagrante à delegacia por conta do furto de energia que fazem para abastecer as invasões”, explicou o capitão.
Confronto
O capitão contou que, na manhã de terça-feira, a PM recebeu informações que uma dupla de traficantes numa moto tentou matar um viciado no balneário Inajá, em Matinhos. Ao investigar o atentado, que não se consumou, a polícia localizou uma das residências de Weverton, no bairro Bom Retiro.
Os policiais se depararam com familiares do suspeito, saindo da residência apressados. Eles disseram que foram obrigados pelo criminoso a sair urgente da casa, por saber que a polícia iria até lá. De acordo com Kamakawa, a esposa contou as atividades ilegais do marido e também disse que ele tinha muito ciúme e a mantinha em cárcere privado em casa. No quintal da casa, os policiais localizaram dois sacos pretos, com 7,3 quilos de maconha, dentro de um buraco.
Os policiais encontraram Weverton em seu outro endereço, no balneário Inajá, na porta da casa, armado. Ele não obedeceu a ordem dos policiais em largar a arma e, quando esboçou atirar na viatura, os policiais o atingiram com um tiro no peito. O traficante morreu a caminho do hospital. Kamakawa contou que Weverton morava em casas de onde podia monitorar a movimentação da rua e escapar quando necessário.