Nos próximos dias, o ex-deputado Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, poderá ser visto ajudando na limpeza ou carregando papéis em alguma entidade beneficente.

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O trabalho, seis anos de prestação de serviços comunitários, faz parte da condenação decretada pelo juiz Sérgio Fernando Moro, da 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

O que ele vai fazer ainda será definido pela Justiça. A condenação por práticas de crimes financeiros, por conta do Consórcio Nacional Garibaldi, também incluiu o depósito de R$ 10,8 milhões, pagos há 15 dias. O dinheiro servirá para ressarcir os consorciados lesados pela empresa do ex-deputado.

De acordo com o juiz, a ação penal movida pelo Ministério Público Federal está transitada e julgada. Por ter colaborado com a Justiça e se comprometido a indenizar parcialmente os lesados do Consórcio Nacional Garibaldi, a pena foi reduzida para seis anos de prestação de serviços comunitários.

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Habilidades

Segundo Moro, Tony Garcia cumprirá seis horas semanais de serviço, expediente que deve começar ainda este mês. “Nos próximos dias, enviarei a guia de execução de sentença ao juiz da 1.º Vara Federal Criminal, que decidirá qual serviço ele cumprirá e em qual entidade. Isso geralmente é decidido de acordo com as habilidades do condenado”, explicou Moro.

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Segundo o advogado de Tony Garcia, Carlos Alberto Farracha de Castro, seu cliente não vai se opor a prestar os serviços. “Tony já disse que cumprirá a pena sem problema algum”, disse o advogado.

Indenização

Há duas semanas, Tony depositou o dinheiro em juízo, que servirá para ressarcir danos aos consorciados. Além disso, os dois imóveis do Consórcio Nacional Garibaldi, confiscados, avaliados em R$ 4 milhões, serão usados para o mesmo fim. De acordo com o juiz, caso Tony Garcia não depositasse o dinheiro, ele seria preso.

O advogado dele afirmou que o ex-deputado pagou as parcelas antecipadas. “Ele tinha que ter pago R$ 5 milhões em novembro do ano passado e deveria pagar R$ 2,5 milhões em novembro deste ano e a mesma quantia em 2009. A primeira parcela estava atrasada, mas ele depositou o dinheiro, adiantado as demais”, disse Farracha. Os critérios e as formas de divisão do dinheiro entre os lesados serão decididos pela 5.ª Vara Federal Cível de Curitiba.

Prejuízo de mais de R$ 40 milhões

O Consórcio Nacional Garibaldi foi liquidado pelo Banco Central em outubro de 1994, o que resultou prejuízo superior a R$ 40 milhões a consorciados. Em valores atuais, seriam mais de R$ 100 milhões.

As vítimas pagavam mensalidades, mas não recebiam os bens. Dois anos depois, a Procuradoria da República no Paraná denunciou os três diretores. Em 2001, a ação começou a tramitar, passando à Vara Criminal Federal de Curitiba.

Em novembro de 2004, Tony Garcia foi preso pela Polícia Federal e ficou 81 dias detido. Em fevereiro de 2005, o desembargador federal Néfi Cordeiro, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região, em Porto Alegre, concedeu habeas corpus e o empresário pagou R$ 5 milhões de fiança.

Ao lado de Tony Garcia, Agostinho de Souza e Rui Rodrigues Libretti, também dirigentes do Consórcio Nacional Garibaldi, foram indiciados. A empresa iniciou as atividades em 1989 e as irregularidades apareceram dois anos depois. As ações ainda apontam que, a partir de 1993, quando a situação irregular do consórcio já fugia do controle, Tony Garcia transferiu bens a outras pessoas.