O ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, foi transferido para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) em Curitiba, no final da noite de quinta-feira. De acordo com informações do Cope, ele está dividindo a cela com Antônio Eduardo de Souza Albertini, ligado ao ramo de jóias, e que também foi detido durante a "Operação Fraude Zero" da Polícia Federal (PF), realizada no início do mês.
Garcia está em uma cela comum de quatro metros quadrados, com banheiro e sem regalia alguma, com direito a ouvir rádio e ver televisão, como qualquer outro detento. As visitas serão permitidas aos sábados a partir das 14h, somente para familiares diretos. Os advogados terão acesso à carceragem durante toda a semana. Tony está dormindo em um colchão trazido de sua casa e só deve deixar o Cope por determinação da Justiça Federal (JF). De acordo com o delegado-chefe, Marcos Vinícius Michelloto, o trabalho dos agentes do Cope é preservar a integridade física do ex-deputado. As investigações continuam sendo realizadas pela Justiça Federal. "Estamos cumprindo ordens e ficamos encarregados de manter o detento na carceragem. Qualquer outra informação sobre o caso diz respeito à Justiça Federal ou ao Ministério Público Federal (MPF)", informou.
Prisão
Tony Garcia estava detido na Superintendência da PF, em Curitiba, desde a manhã do dia 9. A PF cumpriu o mandado de prisão expedido pelo juiz federal da 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. Além da detenção, os agentes cumpriram outros 11 mandados de busca e apreensão em endereços da capital. Toda documentação, além de computadores e disquetes, está sendo analisada por peritos contábeis em conjunto com a Receita Federal (RF). Albertini também estava na carceragem da PF desde a semana passada. Outros dois detentos eram companheiros de cela.
A assessoria da Justiça Federal informou que a transferência do ex-deputado foi confirmada pelo juiz federal. O motivo da mudança seria o tempo em que os detentos poderiam permanecer na carceragem da superintendência da PF. Segundo uma própria determinação da 2.ª Vara Federal Criminal, do ano passado, aqueles que chegam à cela provisória da Superintendência devem permanecer o menor tempo possível no local. A decisão da Justiça se baseou num pedido da PF, que alegou falta de espaço e de condições para manter os detentos.
Investigação
A transferência foi realizada, mas as investigações prosseguem na PF. De acordo com a assessoria da PF, o ex-deputado depôs na quarta-feira sobre o caso, mas o conteúdo do que foi declarado não pode ser divulgado. Tony Garcia responde à acusação de fraudes superiores R$ 40 milhões no Consórcio Nacional Garibaldi, que lesou centenas de pessoas. Ainda há indícios de sonegação fiscal, evasão de divisas, subfaturamento em importações e clonagem de veículos. Outros nomes ligados aos negócios de Tony Garcia também estão sendo alvo das investigações.
Negado
Pedido de habeas corpus para libertar Tony foi negado duas vezes pelo desembargador federal Néfi Cordeiro, do Tribunal Regional Federal (TRF), da 4.ª região, em Porto Alegre. O juiz não acatou as considerações feitas por seus advogados, que ressaltaram que o mandado preventivo de prisão expedido não tinha bases legais para ser cumprido. Depois, outro requerimento foi feito, pedindo para o desembargador rever a decisão tomada. No entanto, a determinação foi mantida. Agora, a representação do ex-deputado aguarda o julgamento do mérito do habeas corpus pelos desembargadores Maria de Fátima F. Labarrère, Tadaaqui Hirosi e Néfi Cordeiro, da 7.ª Turma do TRF, especializada em questões criminais. A decisão no TRF pode sair na próxima terça-feira.