O escândalo envolvendo o ex-comandante da Academia de Polícia do Guatupê, coronel João José Ramirez Júnior, acusado de assediar sexualmente sua subordinada, teria sido uma armação para manchar a imagem do policial e atrapalhar uma possível sucessão ao Comando Geral da corporação. A constatação é do advogado do coronel, Eurolino Sechinel dos Reis.
Acompanhado da esposa, Kátia Vicente, com quem é casado há 15 anos, ontem, o coronel Ramirez foi até a casa de seu advogado. O ex-comandante não falou sobre as acusações, uma vez que não é permitido que ele se pronuncie até a conclusão do inquérito. Bastante tranqüila, Kátia disse que sabia da amizade que o marido tinha com a soldado Michele Caroline dos Santos e da carona que ele dava a ela freqüentemente. ?Estou absolutamente tranqüila. Conheço meu marido. Ele é gentil com todas as pessoas e ela levou para o outro lado?, disse a esposa.
De acordo com Eurolino, quando a soldado, que trabalhava como fisioterapeuta, recusou-se a seguir as ordens do coronel, de limpar a piscina que usava nas sessões, o ex-comandante afastou-a da academia. Segundo o advogado, aproveitando este desentendimento, Michele teria sido influenciada por outros policiais militares que almejam o cargo de comando da Polícia Militar.
Acusações
Na declaração de Michele aos policiais do serviço reservado, ela contou que assim que conheceu o coronel, ele começou a elogiar seu trabalho como fisioterapeuta. Com o passar dos dias lhe ofereceu carona para ir até a academia, uma vez que moravam perto. Segundo o depoimento da soldado, o policial passou a ter atitudes estranhas, como pegar em seu rosto e na sua mão. ?Ele dizia que eu tinha que largar do meu namorado e ficar com alguém mais velho que ganhasse mais, assim como ele?, relatou a jovem. Ainda de acordo com o relato da soldado, o ex-comandante chegou a pegar na sua cintura e pedir-lhe uma sessão de massagem. Quando percebeu as ?investidas? do coronel, lhe mandou uma mensagem pelo celular recusando as caronas. Em e-mails anexados ao inquérito, o coronel e a soldado mostram bastante afinidade, o que segundo o advogado era um modo normal de tratamento por parte do policial.
O coronel está à disposição do comando para assumir outra função. Como coronel ele pode assumir 12 funções, menos a de chefia de Michele, que está lotada no Hospital da Polícia Militar.