Dentro da Van, um dos caixas roubados do Banco do Brasil. |
Roubo flagrado ao acaso, cerrado tiroteio entre um único delegado e vários bandidos, perseguição e desmantelamento do bando: os nobres bairros Hugo Lange, Jardim Social e Bigorrilho foram cenário de cenas de filme hollywoodiano, na manhã de sábado. Dez acusados de integrar uma bem estruturada quadrilha, sediada numa luxuosa mansão frontal ao lago do Parque Barigüi, foram presos depois de muita correria da Polícia Civil. Pelo menos três caixas eletrônicos de bancos estavam em poder dos bandidos.
Eram 4h30 de sábado quando soou o alarme da agência da Caixa Econômica Federal da Rua João Negrão, Rebouças. Uma equipe da Delegacia de Furtos e Roubos, comandada pelo delegado-titular Rubens Recalcatti, foi ao endereço, mas não constatou assalto.
Às 5h50, Recalcatti, voltando para casa sozinho em um Renault Scénic, viu cerca de oito homens saindo rapidamente da agência do Banco do Brasil da Rua Augusto Stresser, Hugo Lange. Logo atrás subia a van Mercedes-Benz MB 180 D, placa JKR-0517, de Curitiba. Percebendo que se tratava de um furto, o delegado chamou reforço pelo rádio, postou-se em frente ao veículo e deu voz de prisão aos ocupantes. A resposta veio em forma de balas.
Tiroteio
Enquanto alguns dos bandidos corriam até outros três carros e uma moto que davam cobertura, o delegado seguia a van, que fugiu por uma rua transversal. Um tiro disparado por Recalcatti furou o pneu do veículo, que parou na pista. A munição do delegado acabou e ele se viu forçado a recuar, sob as balas dos bandidos – três tiros de pistola calibre 9 milímetros atingiram o Scénic, e por pouco não acertaram o policial.
O reforço chegou na hora certa. A quadrilha se espalhou e um dos fugitivos – que era o motorista da van – foi preso por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) no Jardim Social. Recalcatti ficou sozinho cuidando da van, que guardava o caixa eletrônico do Banco do Brasil. Então apareceu um Kadett, cujos ocupantes despejaram mais tiros em direção ao delegado. Com uma segunda arma guardada no tornozelo, Recalcatti refugiou-se atrás de um poste, revidou e afugentou os marginais.
Fortaleza
Aproveitando uma informação da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), a Polícia Civil cercou uma mansão de mil metros quadrados, com piscina, sala de home-theater e vários cômodos, em frente ao lago do Parque Barigüi. “Soubemos que ali era o quartel-general de uma quadrilha que preparava um grande assalto. Presumimos que fosse o mesmo bando”, disse o delegado titular da DFRV, Hamilton da Paz.
Dentro da residência veio a confirmação – estavam lá dois cofres vazios de caixas eletrônicos do Banco do Brasil, furtados de agências a serem apuradas, um maçarico e caixas vazias de jóias. Suspeita-se que a mesma quadrilha tenha assaltado uma joalheria no Pollo Shop Champagnat, no final da tarde de sexta-feira. Um Escort branco semelhante ao usado pelos autores do roubo estava guardado na mansão.
Os cinco homens e as duas mulheres que estavam na mansão foram presos. Em investigações subseqüentes, a polícia capturou outro suposto membro da quadrilha, com dois revólveres, em Pinhais, e o proprietário da van, que veio registrar queixa, supostamente falsa, de furto na DRFV. “Pelo menos três destes presos participaram do tiroteio”, disse Recalcatti.
Durante todo o sábado, os acusados foram ouvidos e suas relações com o bando cuidadosamente apuradas. Os nomes não foram divulgados por Recalcatti, que promete apresentá-los à imprensa e revelar novos detalhes da investigação ainda hoje.