Duas versões pairam sobre a morte de Jesoel da Silva, 23 anos, morto com três tiros dentro de sua residência, no Jardim Campo Alto, em Colombo, por volta de 21h30 de segunda-feira. Familiares, vizinho e amigos do rapaz dizem que a polícia agiu com truculência, matando-o e forjando que ele teria recebido os policiais a tiros. Já o comando da PM garante que o rapaz estava de posse de uma pistola 380, e foi ferido em confronto.
Pouco antes das 21h30, uma equipe da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) fazia patrulha de rotina pela região. Segundo a irmã da vítima, Raquel da Silva, Jesoel estava sentado em frente à residência, na Rua João Elias da Silva, número 69, quando viu a viatura da Rone. ?Eles chegaram em alta velocidade, deram um ?cavalo-de-pau? e entraram na casa. Mataram meu irmão sem ele se defender?, relatou.
O vizinho da família, Jamil José Fabrício, disse que sempre defende a ação policial, mas que, desta vez, a polícia teria agido com ?desumanidade?. Segundo ele, os policiais entraram na casa e ficaram cerca de 15 minutos conversando com Jesoel, em seguida, os tiros foram ouvidos. ?Podiam ter algemado o rapaz e o levado preso, mas matar assim é covardia?, contou. Ainda de acordo com o vizinho, os policiais teriam arrastado a vítima e a colocado no camburão. ?Depois, um policial voltou para dentro da casa e efetuou mais dois tiros?, completou.
O comandante da equipe, tenente Martendal, não concorda com as afirmações que a polícia agiu de maneira exagerada. Ele contou que Jesoel já havia disparado contra os policiais, antes de entrar na casa. ?Quando percebeu a presença da equipe, o rapaz atirou e correu até a residência. Os policiais foram ao seu encalço e, dentro da casa, ele disparou novamente?, afirmou Martendal, confirmando que Jesoel teria sido atingido durante troca de tiros.
Na casa, as marcas de sangue estavam por todos os lugares. Na sala, uma poça, possivelmente onde o rapaz foi atingido. Na cozinha, um rastro, confirmando que ele foi arrastado até a porta, para, depois, ser colocado na viatura. O tenente disse também que a pistola 380, municiada, utilizada por Jesoel, foi encontrada dentro da casa, assim como um carregador para a arma, com 15 cartuchos intactos.
Tráfico
Jesoel já esteve preso por 11 meses por tráfico de drogas e estava em liberdade há sete meses, tempo que, segundo a irmã, foi suficiente para ele mudar de vida. ?Ele estava trabalhando registrado, tinha um monte de planos?, completou. Apesar das declarações de Raquel, o tenente Martendal acredita que Jesoel ainda estava envolvido com o tráfico. ?Quando ele atirou na polícia, não havia sequer ocorrência aberta. Provavelmente, estava fazendo a segurança da boca (de fumo)?, contou. Na manhã de ontem, a polícia confirmou que Jesoel estava sub judice. ?Também verificamos o número de série da arma e descobrimos que ela havia sido furtada?, concluiu o tenente.
Quase rotina
Marcelo Vellinho
Jesoel foi a quinta pessoa morta em confronto com policiais, em menos de uma semana.
Na madrugada da última quinta-feira, policiais da Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam), do 13.º Batalhão, mataram Ueverson Antônio Frazão, 19 anos, que reagiu a tiros à abordagem da polícia, no Xaxim. Na madrugada seguinte, durante uma perseguição, outro indivíduo, cujo corpo permanece sem identificação no Instituto Médico-Legal, foi morto por policiais.
As outras duas mortes aconteceram na madrugada de domingo, na Cidade Industrial. Uma equipe da Rotam perseguia cinco homens, que estariam em um veículo roubado, quando os marginais bateram o carro e trocaram tiros com os policiais. Gilson dos Santos Dantas e Sidney Mendes, ambos com 21 anos, morreram no tiroteio.