Tigre “invade” favela de mentirinha para treinar

O Grupo Tático Integrado de Repressões Especiais – Tigre -, treinou policiais do Paraná e de outros estados, ontem, em uma favela cenográfica, montada em Almirante Tamandaré. O objetivo foi criar novos grupos de elite anti-seqüestro no País. Desde segunda-feira, os policiais participam de um treinamento intensivo na Escola Superior da Polícia Civil do Paraná.

Tido como um dos melhores grupos anti-seqüestro do Brasil, o Tigre recebeu determinação do governo federal, através do Ministério da Justiça, para ensinar as táticas desenvolvidas e aplicadas pelo grupo de elite. Os policiais do Tigre usam do seu tempo de folga para ensinar os outros. “Desta forma promovemos um intercâmbio entre as polícias de vários lugares, pois também treinamos no Rio de Janeiro e em São Paulo”, explica o delegado responsável pela unidade especial, Riad Braga Farhat. No início do curso, 24 policiais vindos do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná estavam matriculados, mas três já foram reprovados nos testes de resistência física e tiveram que voltar para casa. O treinamento é requisito essencial para que policiais possam fazer parte do grupo de elite. “Trabalhamos com situações delicadas, com pessoas correndo risco de vida, por isso nossos policiais precisam ser extremamente rápidos e precisos”, explica o delegado.

Favela

Na favela cenográfica, os policiais treinaram tiro e aprenderam técnicas de abordagem nos barracos, além de participar de uma emboscada simulada a um veículo. “O principal objetivo desta etapa é o tiro certeiro. Não precisamos de policiais que atirem até acertar, mas de policiais que atirem uma só vez e acertem, pois um disparo mal calculado, em meio a uma favela, pode perfurar diversos barracos e machucar pessoas inocentes”, explica Farhat.

Os treinamentos continuam até o começo de dezembro. Os alunos ainda aprenderão técnicas em rapel e combates em locais fechados. Além disso, terão que enfrentar quatro dias na Serra do Mar, sem poder usar barracas para dormir ou qualquer outra infra-estrutura. Um dos destaques das aulas teóricas é a negociação em seqüestros, que será ministrada pelo especialista em negociações e gerenciamento de crises da Polícia Federal, Ângelo Salignac. Ele participou das negociações no seqüestro do irmão da dupla Zezé di Camargo e Luciano, o compositor Wellington Camargo, em 1999 e é especializado em negociações em rebeliões de cadeias, quando há reféns. De acordo com o delegado, cerca de 400 policiais esperam na fila a oportunidade de ser treinados.

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