Altair Lourenço da Silva, 32 anos, dono da Guarani Revenda de Veículos, na Rua Bel Scuisiato, Colombo, foi interrogado e indiciado a inquérito policial por estelionato, quando apresentou-se junto com seu advogado ontem na delegacia. Ele já tem antecedentes criminais e responde a processo, com teor judicial ainda não levantado pela polícia. Quem o denunciou na última sexta-feira foi a família de Ilson Teles, 25 anos, que faleceu no dia 27 de agosto. Alguns meses antes de sua morte, Ilson deixou seu Apolo placa AGG-0023 na loja para venda. O dono da revenda assumiu as 16 prestações que ainda restavam ser pagas, porém acabou não honrando seu compromisso e após a morte de Ilson, devolveu o carnê e a dívida para a família do morto, responsabilizando-os pelo não pagamento.
Após discussões, Maria Joceli Teles, mãe de Ilson, acabou convencida a pagar as parcelas atrasadas, porém pediu o carro de volta, já que também não recebeu o dinheiro da venda. As prestações restantes, que venceriam nos meses seguintes, caducaram com a morte de Ilson, como acontece em muitos contratos de financiamento.
Valdir Bicudo, superintendente da delegacia do Alto Maracanã, explica que caso o certificado de transferência do veículo fosse assinado antes da morte de Ilson, a dívida passaria a ser responsabilidade do novo comprador. Assinada após a morte do proprietário, o novo comprador adquire um veículo sem as dívidas. Aproveitando-se disso, Altair, que vendeu o veículo antes da morte de Ilson, falsificou a assinatura e data do certificado de transferência, passando ao novo comprador um carro sem reservas de domínio (quitado).
Revenda irregular e carros sem documentos
Após a abertura do inquérito, policiais da delegacia do Alto Maracanã estiveram na Revenda Guarani, de onde Altair fugiu durante a visita policial na sexta-feira. No local, Bicudo encontrou três veículos, que apesar de não estarem com alertas de roubo, não tinham qualquer documento que comprovasse a origem e propriedade: Gol branco placa AKU-3809, Escort amarelo placa BGE-6520 e Kombi branca placa AHF-9706. A versão de Altair é a de que "os veículos eram da Silva Automóveis, uma loja local que fechou e pediu que ele guardasse os carros por algum tempo".
A revenda também funcionava de forma irregular sem contrato social, CNPJ, ficha de antecedentes criminais, relação dos funcionários que atuam como vendedores e nem o alvará da polícia. Ele apresentou somente o alvará da Prefeitura e o da Junta Comercial. Ontem foi colhido material grafotécnico (escrito) de Altair, para que o mesmo seja analisado e comparado ao certificado de transferência do Apolo, suspeito de ter sido adulterado.
O superintendente da depelacia de Alto Maracanã aconselha os compradores de veículos a verificar a idoneidade da loja e de seu proprietário antes de fechar negócio. A partir desse caso, e por determinação do delegado José Mário Franco, todas as lojas de compra e venda de veículos do Alto Maracanã serão vistoriadas a partir desta segunda-feira. As lojas irregulares podem ser fechadas, seus donos indiciados a inquérito e veículos roubados ou sem documentação apreendidos.