A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) divulgou ontem que ainda falta prender três pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha que fazia interceptação telefônica clandestina.
Os promotores João Milton Sales, Walber Alexandre Souza e Cláudio Franco Felix concederam, na tarde de ontem, entrevista coletiva, para fornecer detalhes da Operação Pátria, que, até ontem, já havia prendido sete pessoas. Entre elas, o investigador da Polícia Civil Délcio Augusto Razera, que estava cedido à Casa Civil do Governo do Estado.
Ontem pela manhã também foram presos outros dois operadores de telefonia, que foram ouvidos, acompanhados de seus advogados.
O interrogatório do investigador da Polícia Civil, Délcio Razera, que estava marcado para a tarde de ontem, foi transferido para o início da próxima semana.
Os promotores informaram que três dos presos já foram interrogados e confirmaram o envolvimento no esquema.
O técnico de telefonia Isaque Pereira Silva contou vários detalhes, sendo que seu interrogatório se estendeu até o início da madrugada de ontem. ?Esse funcionário trabalha apenas para uma empresa que obtêm a concessão. Com o curso das investigações podemos constatar que funcionários de outras empresas estão envolvidos no esquema?, disse Sales. ?Não existe controle rígido das operadoras de telefonia. Podem vir pessoas de São Paulo para fazer a interceptação clandestina.
As caixas de telefonia são muito frágeis e, mesmo no sistema subterrâneo, não há controle?, completou Walber.
Envolvidos
Os promotores acreditam que, depois da análise das fitas de vídeo e das gravações clandestinas, o leque de pessoas envolvidas irá aumentar. ?Quem contrata os serviços de interceptação clandestina também está praticando o crime?, informou Walber.
Sales disse que ainda é cedo para saber quantas pessoas contrataram os serviços do escritório de investigação registrado no nome da mulher de Razera. Os promotores informaram que já têm gravações de pessoas que contrataram o serviço, mas que ainda não ouviram as conversas gravadas pelo grupo. Por esse motivo, não podem afirmar todos os ramos em que o grupo atuava. ?Temos que ouvir o teor do que era monitorado?, comentou Cláudio. Ele disse que, antes de serem efetuadas as prisões, os promotores perceberam grampos ligados a autoridades, questões empresariais e particulares. ?Existem fortes suspeitas de que membros do Ministério Público estavam sendo monitorados pelo grupo.
O que ficou evidenciado é que há interesses variáveis como em litígios judiciais.
Não sabemos ainda se essas gravações foram feitas para beneficiar alguém ou até mesmo frustrar trabalhos, como prisões?, informou Cláudio.
Tudo começou com a morte de um bicheiro
Os promotores também explicaram que as prisões foram decretadas pela Justiça de Campo Largo. Eles informaram que estavam investigando o assassinato do bicheiro Marcelo Bertoldo, que aconteceu em Curitiba, e apareceu o nome do técnico de telefonia Isaque, que tinha ligações com Razera. Assim, foi descoberto o esquema de escutas ilegais. ?As armas foram surpresa para nós. Mas isto será investigado pela Polícia Civil?, resumiu Waber, referindo-se ao arsenal encontrado em um dos escritórios da quadrilha. Entre as armas, havia fuzis AR-15, além de espadas e facas.