Tamandaré: testemunha complica acusado

O vigilante de uma escola municipal de Almirante Tamandaré, Anivaldo Simões, 56 anos, foi a mais importante testemunha de acusação ouvida ontem no Fórum de Almirante Tamandaré, por onde corre a ação penal contra 17 acusados de formação de quadrilha, seqüestros, roubos e assassinatos ocorridos naquela região nos últimos 3 anos. De forma simples e direta, ele afirmou ter visto o seqüestro da jovem Joyce Kotolick Devitte, crime ocorrido em 16 de março passado e reconheceu um dos réus, por fotografia, como sendo participante do crime. O nome do réu não foi revelado nem pelo juíz nem pelo promotor. Joyce foi assassinada e seu corpo encontrado dias depois, próximo da Cancha Botiatuba, em decomposição.

Além de Anivaldo, também foram ouvidos Veomar Afonso Devitte, pai de Joyce, que pouco contribuiu com o processo pois não tinha conhecimento das atividades da filha; a dona da lanchonete da cancha de onde a vítima foi levada, Rita Aparecida Cordeiro; a amiga de Joyce, Sandra Lia da Silva dos Santos e o primo da jovem, Adelar Antônio Devitte. Todos falaram a respeito do dia do desaparecimento da garota e das buscas que fizeram, mas não apontaram suspeitos nem confirmaram as participações de policiais civis ou militares no crime.

Discussão

O vigilante, no entanto, fez algumas revelações importantes que movimentaram a defesa dos réus e motivaram até um “bate-boca” com a promotoria. Ele disse ter visto naquela noite, três homens empurrando Joyce para dentro de um carro escuro, possivelmente um Passat, e que este carro era normalmente dirigido por “Beá”, um dos membros da gangue que também foi assassinado a tiros, quando a quadrilha começou a ser desarticulada pela delegada Vanessa Alice. Revelou ainda, que alguns dos policiais acusados recebiam dinheiro para soltar pessoas e que Joyce estaria envolvida com drogas. Quando mostradas algumas fotos dos acusados, apontou um deles como um dos supostos seqüestradores e disse tê-lo visto em outra fotografia que lhe foi anteriormente apresentada na delegacia e que a mesma pessoa estava usando farda.

Novos procedimentos

De acordo com o promotor substituto Elcio Sartori (ele deverá ficar na comarca de Almirante Tamandaré só até amanhã), ainda restam 28 testemunhas de acusação a serem ouvidas. No entanto, somente numa primeira fase 24 pessoas foram intimadas e destas restam ainda oito para prestar depoimento. Caso o Ministério Público dispense as testemunhas de acusação, o juiz substituto Marcel Guimarães Rôtoli de Macedo poderá partir para a segunda fase do processo, que é a ouvida das testemunhas de defesa. Ainda não há data marcada para as novas oitivas. Como cada réu tem direito a oito testemunhas de defesa – e são 17 réus – acredita-se que os advogados deverão arrolar mais de 150 pessoas para serem ouvidas nas próximas semanas.

O juiz deverá apreciar, também nos próximos dias, dois pedidos de liberdade feitos ontem pelos advogados do escrivão da Polícia Civil Alexander Perin Pimenta e de Sebastião Alves do Prado. Somente depois da ouvida das testemunhas de defesa é que o juiz decidirá ou não em levar os acusados a júri popular para responder pelos crimes que praticaram.

Estão presos há mais de dois meses os policiais militares Juliano Vidal Oliveira, Jean Adan Grott, Juarez Silvestre Vieira, Jeferson Martins, José Aparecido de Souza, Marcos Marcelo Sobieck, Leily Pereira; o ex-PM Valdirio Adir Mangger; o escrivão da Polícia Civil Alexander Perin Pimenta; o funcionário municipal que prestava serviços na delegacia, Luiz Antônio da Silva; e ainda Sebastião Alves do Prado, Celso Luiz Moreira, André Luiz dos Santos, Paulo Celso Rodrigues, Antônio Martins Vidal, Ananias de Oliveira Camargo, e Maria Rosana de Oliveira. Eles são acusados por formação de quadrilha, tráfico de drogas, assassinatos, roubo de carros, falsificação de dinheiro e outros delitos.

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