O advogado Samir Mattar Assad afirmou que seus clientes não foram indiciados por falta de provas e que os resultados das perícias não foram concluídos. Assad pediu acompanhamento do Ministério Público no processo para evitar erros nas investigações. Acompanhe abaixo a entrevista dada por Vera e seu filho:
Paraná-Online – A senhora faz magia negra?
Vera – Cigano não usa magia negra.
Paraná-Online – O que cigano faz?
Vera – Leio cartas, búzios, tarô… Isso é um dom que a gente usa para ajudar as pessoas. Se eu não puder ajudar, não atrapalho. Morei por muitos anos em Curitiba e nunca passei por isso. Porque eles acharam que eu jogo cartas, búzios e tarô falam que eu faço parte de magia negra. Jamais faço isso.
Paraná-Online – Vocês se acham vítimas de preconceito?
Pero – Vítimas de preconceito pela nossa raça cigana. Isso é crime. Nós somos ciganos, somos cidadãos brasileiros.
Paraná-Online – Entre os dias 10 e 12 de abril, quando Giovanna desapareceu e foi encontrada morta, a senhora estava em Quatro Barras?
Vera – Eu estava quase um mês fora da cidade, nos preparativos para o casamento do meu filho mais velho. Foram três dias de festa. Eu estava em Curitiba, meu filho e minha nora estavam lá em casa.
Paraná-Online – Há informações que na segunda-feira à noite, quando Giovanna desapareceu, teve uma festa na casa em Quatro Barras, com música alta. Isso despertou a suspeita da polícia de estarem comemorando algo.
Pero – Isso eu desconheço. Se teve algum som foi de algum CD de carro ou algo assim. Mas não teve nenhum tipo de festa.
Paraná-Online – O seu sogro esteve na sua casa naquela noite?
Pero – Sim. Nós assistimos a um filme e depois ele foi pra casa dele. Ele estava com minha sogra e os dois filhinhos de 5 e 3 anos.
Paraná-Online – Dona Vera, a polícia encontrou as roupas de Giovanna ao lado da sua casa, foi o que despertou as suspeitas…
Vera – É isso que eu quero saber. Morei por um ano lá e nunca aquele terreno foi limpado. Por que quando encontraram a roupa da menina resolveram limpar aquele terreno? Tinha muito mato, muito lixo, mas nunca ninguém se preocupou com isso.
Paraná-Online – A senhora acha que alguém jogou as roupas ali de propósito?
Vera – Eu não sei, isso quem sabe é Deus, e Deus vai ter que mostrar esse assassino. Esse assassino vai ter que aparecer. Quem fez isso vai ter que ser punido. Nós não podemos pagar… sujaram minha imagem. Sujaram a imagem dos meus filhos, da minha família. Sujaram minha dignidade, minha reputação…
Paraná-Online – A senhora conhecia Giovanna?
Vera – Eu nunca tive vínculo com a família dessa menina. Morei um ano lá e nunca fui na casa de vizinhos, nem vizinhos vinham na minha casa. Não conheço a mãe da Giovanna, nem o pai dela. Sei que eles moravam na rua de trás. Se eu vi essa menina uma vez ou duas foi muito, vendendo paninhos de prato na porta das casas. Nunca comprei nada dela.
Paraná-Online – Pero, Giovanna foi até sua casa para vender rifas?
Pero – Ela bateu palma e eu atendi. Daí ela me ofereceu uma rifa da Páscoa. Como era R$ 0,50, eu ajudei. Comprei a rifa e ela foi embora.
Paraná-Online – Depois disso, quando você e sua esposa viajaram?
Pero – Na terça-feira de tarde. Daí eu vim para Curitiba para ajudar a minha mãe nos preparativos da festa.
Paraná-Online – Então, na terça-feira à noite vocês não estavam lá? Que seria o dia quando o corpo foi jogado no matagal?
Pero – Não estava e tenho como provar.
Paraná-Online – O carro de vocês foi lavado. Isso foi antes da menina ter sido encontrada?
Pero – Foi antes, foi bem antes. Foi uma semana antes. Não…, foi dois dias antes. Foi na segunda-feira à tarde que eu lavei o carro para vir para Curitiba.
Paraná-Online – Dona Vera, durante um dos mandados cumpridos de busca e apreensão em suas casas, foi encontrado um envelope com o nome de Giovanna. Por que isso?
Vera – A minha filha, que mora em Curitiba, soube que o meu filho estava preso em Quatro Barras. Ela foi ao correio para comprar um cartão telefônico e ouviu dizer… não sei se ela ouviu dizer, ou se ela pegou no jornal, que o caso da Giovanna estava na internet. Então ela pegou o envelope que estava em cima do balcão e escreveu o nome da menina para poder pesquisar o que estava acontecendo com o irmão dela.
Paraná-Online – No correio ela descobriu o nome completo da menina?
Vera – Não sei se foi no correio, não sei se foi no jornal. Não sei se alguém da rua deu pra ela. Estavam dizendo que tinha matérias dela na internet. Ela não tem computador em casa, então estava esperando uma horinha para pesquisar.
Paraná-Online – Então, quem mora na casa, na Rua Riachuelo, onde foi encontrado o envelope, é sua filha?
Vera – É. Infelizmente são coincidências. Agora eu estou indignada com a imprensa de botar estes fatos assim, sem saber se é real, ou não.
Paraná-Online – Vimos a imobiliária desocupando sua casa em Quatro Barras e um funcionário seu levando os móveis. Ele disse que locou a casa para a senhora, usando o nome dele.
Vera – Foi. Ele é uma pessoa conhecida nossa
Paraná-Online – E porque a senhora pediu para ele alugar a casa?
Vera – Porque de momento eu não podia alugar.
Paraná-Online – A senhora tava complicada no Serasa ou Seproc?
Vera – Não, não… negócio de telefone… pegaram uma ajuda minha, entendeu? Sujaram meu nome. Então ele prestou um favor para mim para poder locar a casa.
Pero – A gente trabalha como vendedor autônomo, e não tem todo o documento que precisa, que seria comprovante de residência, comprovante de renda. Por isso a gente locou no nome dele.
Paraná-Online – A senhora sabia que estava sendo despejada?
Vera – Ah, semana passada? Ah, sim, porque a doutora Margarete avisou para nós não permanecer na casa, nem na cidade.
Pero – Porque a população talvez podia se revoltar com a gente porque somos os principais acusados.
Advogado – Para a própria segurança deles a delegada os ouviu aqui em Curitiba, no Sicride.
Paraná-Online – Pero, e quanto à compra de vários produtos de limpeza, uma vez que vocês tinham empregada e não eram acostumados a fazer faxina?
Pero – A empregada nossa foi dispensada há 4 meses.
Paraná-Online – A menina foi lavada segundo a necropsia…
Advogado – Essa informação de que ela foi lavada não tem no inquérito. A delegada também perguntou dos produtos de limpeza para a mulher de Pero e ela cita os materiais que comprou.
Pero – Comprou amaciante para lavar minhas roupas. Lavou lá na casa
Paraná-Online – Diz que não foi encontrado nenhum produto de limpeza na casa…
Advogado – Esse diz que … não fiquei sabendo disso, que não foi encontrado nada
Pero – O que eu vou deixar bem claro é que a gente não fez esse crime, tanto é que a nossa colônia cigana não é disso. Se você vasculhar toda a nossa vida, não vai encontrar nada, certo. E colocaram parentes da minha esposa que não têm vínculo nenhum com a minha parte. Vasculharam casa de quem não devia.
Paraná-Online – Dona Vera, o que a senhora imagina que aconteceu com Giovanna?
Vera – Primeiramente, eu acho que esse assassino vai ter que ser descoberto. Porque a verdade de Deus tem poder. Deus vai fazer aparecer esse assassino. Com que intenção fizeram isso eu não sei. Quem saiu prejudicada fui eu, pelo fato de ser cigana. Só quero deixar bem claro que não tem nada a ver com cartas, búzios, tarô ou com magia negra. Ciganos não fazem magia negra.
Paraná-Online – Quanto filhos e netos a senhora tem?
Vera – Eu tenho quatro filhos e três netos, de 6 e 4 anos e de 4 meses.
Paraná-Online – Seus netos têm quase a mesma idade que Giovanna.
Vera – Quase da mesma idade, por isso que peço para Deus e rezo para que achem esse monstro. Para mim é um pesadelo. Eu sou mãe e sou avó e o que eu não quero para minha família não quero para a família dos outros.
Pero – Sou vendedor autônomo, e isso transtornou a minha vida e da minha esposa. Nós estamos sofrendo junto com a família da Giovanna. Eles perderam a menina e não vão tê-la de volta, mas a gente está sendo acusado pela morte. Estão induzindo a população a erro e não foi a gente que fez isso aí.