O suspeito de terrorismo preso no Paraná tem 21 anos, é morador de Colombo, na região metropolitana de Curitiba e trabalhava em uma rede de supermercados. Nascido em Guarulhos-SP, ele não tinha passagem alguma pela polícia até agora. O jovem está entre os dez presos suspeitos de integrar uma organização terrorista que planejava atos para a Olimpíada do Rio de Janeiro — ao todo são 14 investigados, dois deles estão foragidos e houve duas conduções coercitivas. É o primeiro inquérito no Brasil com base na nova lei antiterrorismo (Lei 13.260/2016), sancionada há pouco mais de três meses.
Os nomes dos suspeitos não foram revelados pelo juiz da 14ª Vara Federal de Curitiba, Marcos Josegrei da Silva. O magistrado concedeu entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (21), em Curitiba, na sede da Justiça na capital. Ele também não divulgou as cidades e as profissões dos suspeitos. Os suspeitos não possuem ascendência árabe. São brasileiros, mas todos usavam nomes ou apelidos árabes na internet.
De acordo com o juiz, o jovem detido na RMC não é um dos líderes da suposta organização. O caso veio para Curitiba em razão da residência dele. “Há pessoas que têm conhecimento maior da dinâmica deste tipo de organização e têm pessoas que fazem manifestações menos incisivas. Não ousaria dizer que há uma liderança”, afirmou o magistrado.
As idades dos demais não foram reveladas, mas, segundo o juiz, eles têm entre 20 e 40 anos. Dois deles já cumpriram pena por homicídio e todos os demais demonstraram, durante as investigações iniciais, alguma intenção em usar violência durante os Jogos. Apesar disso, as apurações não mostraram um alvo específico. Comentavam sobre a presença dos estrangeiros de países que fazem parte da coalização que combate o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
“Especificamente, não poderia afirmar que tem um alvo delimitado. Mas há conversas no sentido de que os Jogos Olímpicos estão chegando e que o Brasil não integra a coalizão de países que combatem a organização terrorista Estado Islâmico e seria uma oportunidade de atentar contra pessoas de outros países que integram a coalizão”, explicou Josegrei.
As conversas interceptadas por telefone, aplicativos de mensagens instantâneas e pelas redes sociais mostram exaltações aos atentados terroristas recentemente cometidos ao redor do mundo. “Há afirmações que as pessoas integrariam organização terrorista. Falam que é um ato nobre, que deveria ser parabenizado”, disse o juiz.
De acordo com o magistrado, os suspeitos participavam de um grupo em rede social chamado “Defensores da Sharia”, a lei islâmica. Apesar de todos os indícios, Josegrei afirmou que as prisões não significam a condenação de nenhum deles, embora a possibilidade seja justificada.
“É preciso deixar bem claro o seguinte. São afirmações na internet, no meio virtual. As prisões e as buscas têm como finalidade justamente tentar obter elementos que confirmem ou não isso. É importante deixar claro que nem tudo que alguém preconiza no meio virtual necessariamente ela vai fazer no mundo real”, afirmou.