A Polícia Civil concluiu as investigações sobre o caso de racismo que aconteceu em junho dentro de um Interbairros no bairro Fazendinha, em Curitiba. O suspeito, um homem de 40 anos, foi encontrado, ouvido e vai responder pelo crime que cometeu contra uma adolescente de 15 anos que voltava da escola.

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Além de xingar a menina, por ela ser negra, ele ainda cuspiu no rosto dela e disse que, se pudesse, mataria todos os negros, inclusive a garota. A delegada Patrícia da Paz, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), pediu que a Justiça proíba o homem de frequentar terminais de ônibus. A decisão ainda não foi tomada.

“Começamos a investigar logo depois do crime, quando a menina veio até a delegacia e fez a denúncia. A partir de algumas imagens, feitas por passageiros e também de câmeras de segurança, encontramos o homem”, contou a delegada. Na delegacia, o homem, que no dia do crime estava bem alterado, disse coisas preconceituosas, parecidas com o que havia dito antes, e depois afirmou estar arrependido.

Depois de ser ouvido, o suspeito, que não tem residência fixa e, conforme informou para a polícia, mora na rua, foi liberado. “Apesar disso, pedimos as medidas cautelares, que ainda cabem a Justiça aprovar ou não. De qualquer forma, ele vai responder pelo crime, com pena máxima de três anos”, explicou Patrícia da Paz. O homem já tinha passagens por embriaguez ao volante, dano ao patrimônio e até por roubo.

Delegada revelou que suspeito foi identificado a partir de depoimentos de testemunhas. Foto: Gerson Klaina. 
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Denunciar é importante

A garota que foi vítima do homem no ônibus voltava da escola quando tudo aconteceu. Na delegacia, ela estava chocada e bem assustada. Depois, a jovem se recuperou, mas para a polícia, ter comunicado levantou um alerta importante: é preciso sempre denunciar.

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Por ser adolescente, a garota procurou o Nucria, mas a delegada Patrícia da Paz explicou que a denúncia poderia ser feita em qualquer delegacia. “Como no Paraná não temos uma delegacia especializada neste tipo de situação, qualquer uma está apta a receber este tipo de denúncia, o importante é fazê-la”, explicou a delegada. 

Como disse a delegada, casos como o que aconteceu com a adolescente acontecem diariamente, mas muitos acabam desconhecidos, por conta das vítimas. “A discriminação, seja pelo gênero, pela cor da pele, por etnia, acontece todo dia. Não só com pessoas comuns, mas com gente famosa também. Isso é abominável. Nós contamos com a sociedade, para que denunciem e não se calem”. 

Racismo e injúria racial

O suspeito do Interbairros foi indiciado por racismo e não por injúria racial. A delegada explicou que o crime de racismo acontece quando a pessoa dissemina o preconceito de modo geral, a um grupo em si. Já o crime de injúria racial é quando a ofensa é feita diretamente a uma pessoa, por exemplo, durante uma discussão. Ambos são crimes previstos no Código Penal e cabem prisão.