A Justiça de Matinhos negou o pedido de liberdade a Juarez Ferreira Pinto, 42 anos, preso há quatro meses acusado de matar Osíris Del Corso e balear Monik Pegorari Lima, no Morro do Boi em Matinhos, em 31 de janeiro.

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Os advogados de Juarez pediram o relaxamento da prisão, depois que Paulo Delci Unfried, 32, confessou, terça-feira, ter cometido o crime. Dessa forma, os dois principais suspeitos permanecem detidos. Pedido de habeas corpus de Juarez foi apresentado no Tribunal de Justiça de Curitiba.

A Justiça ainda tem dúvidas sobre a autoria do crime. As promotoras Carolina Dias Aidar de Oliveira e Fernanda Maria Motta Ribas solicitaram acareação entre Monik e Paulo, marcada para 23 de julho, no Fórum de Matinhos. Além de confessar o crime, Paulo foi preso com a arma usada para atirar no casal. Mesmo assim, Monik continua afirmando que o autor do crime é Juarez.

Também foi determinado que o caso passe a ser investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Além da acareação, foi pedida reconstituição do crime, baseada na confissão de Paulo, que ainda não tem data marcada.

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Sigilo

Em nota, o Ministério Público informou que “o Juízo da Comarca de Matinhos decretou sigilo temporário dos autos e do inquérito policial instaurado em face de Paulo Delci Unfried”.

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De acordo com Mário Lucio Monteiro Filho, um dos advogados de Juarez, a justificativa do juiz foi que “ainda haveria indícios de autoria e que o laudo da balística não havia chegado aos autos”.

À procura de um rumo

Mara Cornelsen

O sigilo temporário confirma o desconforto das autoridades diante do rumo inusitado que tomou o caso do crime no Morro do Boi, em Caiobá. Embora Monik insista em apontar Juarez como o autor do atentado, Paulo confessou o crime espontaneamente e foi preso com a arma usada contra os estudantes.

A contradição parece encontrar sustentação já no início das diligências, quando o retrato falado do suspeito foi feito por Monik, em 9 de fevereiro passado (dez dias após o crime). O desenho do rosto é mais parecido com Juarez que com Paulo, no entanto, a descrição do tipo físico do assassino tem mais a ver com Paulo, que com Juarez.

Medidas

Na descrição Monik diz que o autor tem cerca de 30 anos (Juarez tem 42 e Paulo, 32); tem cabelos pretos e calvo (ambos o possuem); tem entre 1,75m e 1,85m de altura (Juarez tem 1,70m e Paulo, 1,93m); tem mãos grossas (Juarez tem mãos finas e Paulo as tem grossas, por trabalhar na construção civil e como eletricista e encanador); tem sotaque caipira (Juarez nasceu e morou a vida toda em Curitiba e Paulo veio do interior do Estado e está em Caiobá há 10 anos). Este documento está anexado ao processo na folha 219. De acordo com criminalistas que acompanham o caso, somente um bom trabalho da Polícia Científica poderá esclarecer o crime.