A Divisão de Narcóticos (Dinarc) e a Delegacia Antitóxicos (Datox) fizeram ontem uma apreensão de substâncias ilegais que estavam em poder de Fabrício Cardoso Galhardo, 31 anos. Entre os produtos apreendidos, está um lote de uma substância que pode ser a chamada “droga do estupro” ou “date rape”, como é conhecida nos Estados Unidos, onde é amplamente disseminada. De acordo com um relatório da polícia americana, a “date rape” está presente em 60% dos casos de estupro registrados no ano passado. Em São Paulo já existem relatos de estupros relacionados ao uso desse mesmo entorpecente. A substância apreendida passará por perícia legal, informou o delegado Luís Antônio Zavattaro, chefe da Dinarc.
Um dos indícios de que as 55 ampolas de “essentiale 303” possam ser a “droga do estupro”, é que o sujeito que as portava já tem antecedentes criminais por violência sexual, de acordo com levantamento feito pela Datox.
“Bomba”
Fabrício Cardoso Galhardo foi preso em flagrante por uma equipe da Datox no apartamento onde reside com os pais, no Batel, bairro nobre da cidade. Com ele, além das ampolas de “essentiale”, foram apreendidas 850 ampolas de anabolizantes ilegais, conhecidos como “bomba”, que aumentam a massa muscular do usuário e causam danos à saúde. O endereço de Fabrício, na Rua Ângelo Sampaio, foi conseguido através de investigações do serviço de inteligência da Dinarc, após informações enviadas ao disque-denúncia.
De acordo com o delegado Aparecido Rodrigues, chefe da Datox, as substâncias foram adquiridas no Paraguai e seriam revendidas a usuários de Curitiba. “Segundo a Vigilância Sanitária, estas drogas são proibidas no Brasil”, informou. Por esta razão, Fabrício foi autuado por contrabando. Conforme o resultado das análises químicas sobre o “essentiale 303”, a situação do detido pode se complicar.
Alerta
Nos EUA, os casos relacionados à “date rape” vêm acontecendo há anos e são motivo de preocupação. Além da polícia, órgãos comunitários, de saúde e universidades vêm alertando os jovens sobre os efeitos da droga. Os relatos são todos parecidos, inclusive ao que uma jovem de São Paulo registrou recentemente na polícia: a droga é misturada na bebida alcoólica que é oferecida às mulheres por seus acompanhantes em festas ou casas noturnas. O entorpecente não altera o cheiro nem gosto na bebida.
Em dez minutos aparecem os efeitos: tontura, calafrios ou sensação de calor, seguidos de desmaio. A vítima sofre um grande lapso de memória e depois não é capaz de lembrar do que aconteceu. É quando acontecem os estupros – muitas vezes praticados por vários homens, atacando a mesma vítima, como aconteceu com a garota de São Paulo. Ela só descobriu que tinha sido estuprada porque uma amiga a viu sendo carregada da festa por um grupo de rapazes. Os exames no IML comprovaram a sucessão de ataques sexuais a que a garota foi submetida.
Medicamento
Nos EUA, o medicamento conhecido como Rohypnol foi proibido pela agência federal de saúde. É um remédio usado para tratamentos rápidos de casos graves de insônia. No Brasil, o Rohypnol é um medicamento de uso controlado. Ele se potencializa quando misturado ao álcool, gerando os efeitos descritos. A polícia americana descobriu que uma outra substância – o gamahidroxibutrato – está sendo usada pelos estupradores com a mesma finalidade.
Entre homossexuais brasileiros, o uso do Rohypnol é conhecido há mais tempo. Ele é utilizado no golpe conhecido como “boa noite Cinderela”, geralmente praticado em boates gays. Nesses casos, em vez de estupro, a vítima é roubada, depois de desmaiar.