Batman sai da toca

Sobe o número de caixas violados após fuga do “Batman”

Um dos ladrões de carros-fortes e arrombador de caixas eletrônicos mais atuante nos estados do Sul, Rogério Mattos da Luz, o “Batman”, fugiu da prisão em 18 de abril. Coincidência ou não, a quantidade de caixas explodidos no mês passado aumentou 63% em relação aos meses anteriores, em todo o Paraná. Na grande Curitiba, o aumento foi de 36%. A Tribuna comparou dados fornecidos pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, que diariamente apura ataques a bancos no Estado.

A polícia não tem certeza que o aumento está ligado à quadrilha de “Batman”, mas o delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura, titular do Centro de Opeações Policiais Especiais (Cope), afirmou que o serviço de inteligência está “de olho” nesses arrombamentos. Este ano, o Cope prendeu dois grupos destes criminosos. Quatro suspeitos foram pegos em flagrante na metade de abril, prontos para explodir caixas eletrônicos. Sábado passado, outros quatro foram detidos tentando abrir um equipamento, com maçarico. A princípio, nenhum dos oito detidos tem relação com o grupo de “Batman”. Cartaxo afirma que existem dezenas de quadrilhas de arrombadores de caixas atuando no Paraná, a maioria vinda de outros estados, principalmente do Sul.

Fuga

Apesar da violência nos crimes, “Batman” mudou o comportamento para ganhar as ruas. Na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), segundo a Secretaria da Justiça (Seju), era comportado, colaborativo, estudioso, não faccionado e respeitoso com os funcionários. Com o aparente bom comportamento, em pouco mais de um ano, conseguiu sair do regime fechado para o semiaberto. Não durou nem 24 horas na Colônia Penal Agroindustrial (CPAI) e ele escapou de lá, de onde já tinha se evadido duas vezes.

A Polícia Civil prendeu “Batman” pela última vez em dezembro de 2012. Em 4 de janeiro de 2014, ele foi para a PEP II, de onde conseguiu a progressão para a CPAI em 17 de abril. Ismael Meira, diretor da CPA, explicou que, na unidade, a prisão é pela consciência do preso, já que, durante o dia, eles circulam livremente pelos 300 hectares da unidade, que não tem portões ou muros altos, para trabalhar e estudar.

Segundo o diretor, é impossível monitorar área tão grande, com plantações e mato. Somente à noite os presos são recolhidos às celas. Desta forma, Meira acredita que “Batman” se escondeu na área aberta da CPA, durante a tarde e fugiu de lá à noite.

Crimes

Rogério “Batman” é líder de uma quadrilha responsável por dezenas de roubos no Paraná e Santa Catarina, principalmente contra carros-fortes. Já se envolveu em confrontos com a polícia, em que houve feridos e mortos dos dois lados. Um destes casos ocorreu quando um carro forte abastecia um caixa eletrônico, instalado em um posto de combustíveis na divisa do Alto Boqueirão com o Sítio Cercado, em novembro de 2012.

Fortemente armada, a quadrilha abordou o veículo no pátio e enfrentou os vigilantes com armas de altíssimo calibre. Vigilantes foram baleados e o bando levou malotes com R$ 147 mil. Um dos quadrilheiro, Edson Araújo de Barros, 44 anos, foi encontrado baleado num hospital de Mafra (SC) e preso.

O bando baleou o investigador Antônio Novalski, da Polícia Civil, em outro confronto. No início de dezembro de 2012, usando fuzis de guerra, a quadrilha parou a tiros um comboio de carros-fortes na Serra Dona Francisca (SC) e roubou um veículo semelhante em frente ao HSBC do centro de Pinhais. São suspeitos de levar quase R$ 4 milhões de um doleiro em Guarapuava e matar o motorista de carro-forte em Santa Catarina. É atribuída à quadrilha de “Batman” a invasão de um posto da Polícia Rodoviária Federal, na BR-116, para roubar armas, entre dezenas de assaltos cometidos desde a década de 90.

A quadrilha era muito bem organizada e tinha vários “departamentos”. O financeiro cuidava do dinheiro arrecadado, do investimento em novos crimes e da compra de carr,os e imóveis luxuosos em vários estados brasileiros. Tanto é que, em dezembro de 2012, quando “Batman” foi preso, a quadrilha estava passando um tempo em duas mansões no Rio de Janeiro. Outro braço do bando era responsável por planejar os crimes, fotografando e filmando carros forte, anotando roteiros e itinerários, analisando rotas de fuga e outras ações importantes para o sucesso do crime. Há ainda a parte do grupo responsável diretamente por executar os roubos, outra pela aquisição das armas de grosso calibre etc.

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