Monik Pegorari de Lima, de 30 anos, se levantou para dar a volta por cima. Não é figura de linguagem. A jovem – que ficou paraplégica sete anos atrás, depois de ter sido atingida por dois tiros nas costas, no caso que ficou conhecido como “Morro do Boi” – conseguiu ficar em pé sozinha e sem se apoiar em barras fixas pela primeira vez, no dia 11 de janeiro. O feito faz parte do longo tratamento de Monik para deixar a cadeira de rodas para trás e voltar a andar. Por isso, cada avanço é comemorado como uma grande vitória.
“Eu fiquei em pé por 32 minutos, sem ninguém segurar minha perna. Até então, eu nunca tinha conseguido isso. É só com exercícios e força de vontade. Eu não tenho dúvidas de que vou voltar a andar”, diz Monik, que publicou um vídeo no Facebook sobre este avanço. “Só penso em sarar e voltar pra casa o mais rápido possível”, planeja.
“Voltar para casa”, porque Monik teve que deixar Curitiba e se mudar para João Pessoa, Paraíba, para fazer o tratamento. Deu de ombros a prognósticos médicos negativos. Primeiro, disseram que ela jamais sairia da cama. Monik saiu. Depois, disseram que não conseguiria ficar em pé. Ela ficou. Tudo à custa de determinação: a rotina inclui oitos horas de fisioterapia por dia nos dias úteis. Não descansa nem aos sábados em domingos, quando o tratamento se estende por seis horas.
“Meu diagnóstico era o pior possível. Por isso, quando os médicos veem o que eu faço, ficam assustados. Ninguém acreditava nisso”, aponta.
Monik superou na marra os traumas psicológicos que os acontecimentos ocorridos na tarde de 31 de janeiro de 2009. Ela caminhava com o namorado, Osíris Del Corso, por uma trilha no Morro do Boi, em direção à Praia dos Amores, em Caiobá. Um desconhecido se ofereceu para guiá-los, mas tentou abusar de Monik. Osíris reagiu, foi alvejado por um tiro no peito e morreu no local. Atingida por dois disparos, a jovem ficou caída no local, mas, posteriormente, o agressor retornou e a violentou.
Livro
O caso agora é contado no livro “Morro do Boi: das Sombras à Esperança”, escrito por Mirian Paz de Almeida. O material é baseado em entrevistas feitas com Monik, familiares das vítimas e pesquisa documental. “Quando surgiu a ideia, eu fiquei em dúvida se deveria aceitar. Acabei autorizando e gostei, porque o livro não tem apelo sensacionalista”, diz Monik. Toda a renda obtida com a venda é revertida ao tratamento. Entre os pontos de venda, estão os bares Barbaran e Barbarium, em Curitiba.