Um esquema de autorizações irregulares para desmate na região dos Campos Gerais foi desmanchado pelo Centro de Operações Especiais (Cope), durante a Operação Floresta Negra. As investigações começaram há oito meses, mas a quadrilha agia há mais de dois anos. Ontem, oito mandados de prisão foram cumpridos. Uma pessoa está foragida. Além de madeireiros e proprietários rurais, funcionários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e policiais militares da Força Verde da região teriam participação no crime.
Entre os presos, cinco madeireiros, um engenheiro florestal autônomo e dois funcionários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de Ponta Grossa. A nona ?procurada? é a ex-diretora do escritório do órgão, Elma Romano, que está foragida. Como divulgou a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), além das prisões de ontem, pelo menos outras 19 pessoas foram detidas durante as investigações – a maioria proprietários rurais.
Em coletiva realizada ontem, o secretário Luiz Fernando Delazari afirmou que também estariam envolvidos no esquema ?seis ou sete? policiais militares da Força Verde dos Campos Gerais. ?Eles estão sendo investigados. Lamento a participação deles, que teriam que fiscalizar os crimes ambientais. Se confirmado, o caminho será o olho da rua, além de segregação e outras sanções?, afirma.
Esquema
Segundo as informações da Sesp, ?a quadrilha era responsável pela compra e venda de autorizações irregulares para corte e venda de araucárias? 25 confirmadas e 125 prováveis. Tanto fazendeiros quanto madeireiros conseguiam os documentos com os servidores do escritório do IAP, em Ponta Grossa, com participação de Elma Romano. O responsável em fazer a ponte na movimentação dos documentos frios com os fazendeiros interessados no corte das Araucárias seria o madeireiro Wilde do Valle. A fiscalização dessas propriedades seria feita por Samuel de Moura, que ?trabalharia ilegalmente como fiscal do IAP?. Ainda de acordo com as informações oficiais, o engenheiro florestal Adair Palace Junior seria ?o responsável por fazer ?projetos frios? para que os fazendeiros pudessem justificar o corte das árvores. Já o engenheiro do IAP, Luiz César Santos, 49 anos, seria segundo a polícia o responsável por autorizar estes projetos.
Delazari afirmou que, em média, os servidores do IAP recebiam R$ 30 mil por autorização concedida. O lucro gerado pelo esquema seria de R$ 8 milhões. Como também divulgou o secretário, a área total desmatada pode chegar ao equivalente três mil campos de futebol. Segundo ele, as investigações continuam e mais pessoas ainda podem ser presas.
Questão política
As prisões de ontem foram feitas em Ponta Grossa, Castro, Irati, Piraquara e Curitiba. As acusações são de falsidade ideológica, crime ambiental e corrupção passiva. Um dos presos, Luiz César Santos, trabalhava há 24 anos no IAP, em Ponta Grossa. Apesar de acusado, ele afirma ser um laranja. ?A Elma nos usava para fazer licença indevida, inclusive um estagiário (Samuel), nos tirando para laranja. Não existe esquema, pois toda a diretoria do IAP, do Estado, sabia disso. Muitas dessas licenças vinham para Curitiba?, diz Santos.
Ao contrário do que disse o servidor, o diretor-presidente do IAP, Vitor Hugo Ribeiro Burko, afirmou que a própria diretoria foi quem constatou as irregularidades, há oito meses, e avisou a polícia.
