Adilson Aparecido Fogaça, o “Xaropinho” ou “Paulistinha”, 31 anos, cansou de esperar a autorização judicial de transferência da Prisão Provisória de Curitiba (Ahu) para São Paulo e resolveu agir por conta própria. Ontem à tarde, usando um estoque, fez um agente penitenciário como refém para exigir a remoção – no que foi atendido, depois de cerca de cinco horas de negociação. Às 18h30, saiu do Ahu em camburão do Depen (Departamento Penitenciário) para a cidade de Itapetininga (SP), onde mora a família dele.
De acordo com Divonsir Mafra, diretor do Depen, Fogaça está condenado a 15 anos de prisão por Santa Catarina e São Paulo. Ele integra a quadrilha do bandidão Valdir Saggin, 36 anos, um dos mais perigosos do Sul do País, que atualmente cumpre pena na penitenciária de Florianópolis. Entre outras “façanhas” no mundo do crime, Fogaça participou da ousada operação de resgate de Saggin da prisão, em dezembro de 2001, e do assassinato de um carcereiro da cadeia de Itajaí, (SC) em 1995. Velho conhecido da polícia catarinense, o bandido já fugiu de prisões em Joinville, Camboriú, Curitibanos, Chapecó, Florianópolis e Itapetininga.
Assaltos
Fogaça foi preso em Curitiba em janeiro deste ano por policiais do Cope. Ele estava praticando assaltos de grande monta junto com o bando de Saggin. Uma semana depois, Saggin e parte do bando dele também caíram nas mãos da polícia. Fogaça ficou no xadrez do Cope, de onde tentou fugir, e foi transferido para Florianópolis. Em fevereiro, menos de um mês depois, o sistema penitenciário de Santa Catarina mandou o bandido de volta para o Paraná: além de ser especialista em fugas, Fogaça estava muito próximo do comparsa Saggin, que desde janeiro já tentou escapar duas vezes do presídio de Florianópolis.
Impaciente
A versão oficial do Depen para o episódio de ontem é de que Fogaça aproveitou o horário de banho de sol da quinta galeria do Ahu e por volta de 13h15 dominou um agente penitenciário. “Apesar de estarmos cuidando do processo de transferência para São Paulo, parece que ele não teve paciência de esperar”, disse o diretor do Depen. O bandido estaria armado com um estoque. O diretor do presídio, coronel João Krainski, participou da negociação com o detento, que só liberou o refém depois de conferir a autorização de remoção, enviada via fax, pela Vara de Execuções Penais de São Paulo. Além de Krainski, duas advogadas de Fogaça e a esposa dele, Cláudia, participaram da negociação.
Ao sair do presídio, porém, uma das advogadas, Darci, deu uma versão diferente para o episódio. Fogaça teria feito três reféns – um deles seria o próprio Krainski – e estaria armado. Repórteres de rádio descobriram que Fogaça ligou para o pai de Cláudia usando o telefone celular do diretor do presídio, para pedir que a mulher fosse até lá.