Durou menos de 24 horas o seqüestro de um bebê de um mês de vida, ocorrido às 15h de quarta-feira, na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba. A seqüestradora, uma menina de apenas 13 anos, ainda está sendo procurada pela polícia, mas o bebê já voltou para os braços da mãe, a artesã Monique Scholz, 18. O caso está sendo atendido pelo Serviço de Investigações de Crianças Desaparecidas – Sicride, que durante toda a noite desenvolveu diligências para elucidar a ocorrência.
Monique costuma expor seus trabalhos de artesanato na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná. Como não tem com quem deixar o filho recém-nascido, leva a criança com ela. Anteontem, uma menina de rua que perambula pelas praças centrais – ela já está identificada pela polícia – pediu para brincar um pouco com o bebê. Monique permitiu que a garota ficasse com o pequeno Eduardo Augusto no colo e no meio da tarde pediu que a menina fosse até a farmácia comprar um remédio para o bebê.
Seqüestro
A garota concordou em comprar o remédio, mas pediu para levar Eduardo Augusto com ela. Sem suspeitar de nada, Monique permitiu que ela saísse com a criança nos braços. Como ambos demoravam a voltar, a mãe foi procurar o filho e já não o encontrou nas imediações. Desesperada, pediu ajuda aos policiais militares que patrulham a região. Foram feitas buscas que não surtiram nenhum efeito. Os PMs então conduziram Monique até a Fundação de Ação Social (FAS) para que ela pudesse pedir ajuda a alguém e dalí a jovem foi encaminhada ao Sicride.
“Lamentamos que ela só chegou na delegacia por volta das 22h, portanto sete horas após a ocorrência do seqüestro. Foi perdido muito tempo entre o desaparecimento do bebê e o comunicado à polícia e isso não pode acontecer. Alertamos a todos que assim que um desaparecimento de criança é constatado, o Sicride tem que ser avisado imediatamente”, salientou o delegado Harry Carlos Herbert. Depois de ouvir a mãe e pedir a confecção de um retrato-falado da seqüestradora, o delegado determinou o início das investigações.
Abandono
Enquando a mãe desesperada procurava o filho, a menina que o levou seguiu em direção ao bairro Parolin. Por volta das 19h, ela bateu na casa de Dinair Mendes de Oliveira, e contando uma porção de histórias, pediu à mulher que esquentasse a mamadeira do bebê e cuidasse dele por alguns minutos, até que ela pudesse ir a uma farmácia comprar um remédio. Sensibilizada, a mulher aceitou ficar por alguns minutos com Eduardo Augusto, mas a garota abandonou o bebê ali e desapareceu.
Eram 21h aproximadamente quando Dinair resolveu chamar a polícia e devolver a criança, pois àquela altura já acreditava que a menina não iria retornar. Mais uma vez a PM fez uma orientação errada e ao invés de mandar Dinair procurar o Sicride, disse à ela que buscasse ajuda na FAS. Como ninguém atendeu o telefone na fundação, ela cuidou do bebê durante à noite e somente ontem pela manhã comunicou a Fas que a criança estava em seu poder. As assistentes sociais, que já sabiam do seqüestro, finalmente a encaminharam ao Sicride que promoveu o reencontro de mãe e filho.
Providências
De acordo com o delegado Herbert, Monique também será indiciada em inquérito por abandono de incapaz, uma vez que não poderia ter permitido que uma menina de rua tomasse conta do seu filho. Outra providência a ser tomada é a localização da seqüestradora para se descobrir o que ela pretendia fazer com a criança. “Não sabemos se ela iria entregar o bebê para alguém e depois se arrependeu ou fez isso tudo apenas por brincadeira. Precisamos apurar o motivo”, afirmou o policial. Também os pais da menor deverão ser localizados e até para deles poderá sobrar alguma punição, já que podem ser indiciados em inquérito por abandono de adolescente.