A garota Renata, 11 anos, seqüestrada na manhã da última sexta-feira, em Fazenda Rio Grande, foi liberada durante a noite daquele mesmo dia, depois que a polícia local fez uma operação ?sufoco? na região. Ainda não há pistas sobre quem foram os responsáveis e a polícia tem dúvidas a respeito do sumiço da garota. Renata se contradiz em seus depoimentos; além disso, ninguém viu os supostos seqüestradores, já que ela foi liberada e voltou sozinha para casa.
Renata saiu de casa de bicicleta, naquela manhã, junto com o pai. Os dois pararam numa panificadora e ele seguiu a pé para seu curso de línguas. Ela desapareceu quando voltava para casa, pela Rua Venezuela, onde, às margens, foram encontradas suas roupas – uma calça, blusa de lã, botas e meias. Os pertences estavam no meio do caminho entre a padaria e a casa da menina, que fica perto da sede da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) de Fazenda Rio Grande.
Horas depois, a irmã de Renata, Valéria, 18, recebia um telefonema. Sem se identificar, a pessoa do outro lado da linha pedia para falar com o pai delas. Valéria chegou a pressionar para que a pessoa falasse o nome, mas a reposta foi apenas ?Você sabe o que é. Tua irmã sumiu.? Valéria pediu para que não a machucassem. O seqüestrador falou que tivesse calma; o interesse era apenas a grana. Durante a tarde, mais uma ligação. No entanto, era insuficiente para se obter mais pistas sobre o paradeiro de Renata.
No final da tarde, foi solicitado reforço do grupo Tigre, que passou a fazer uma operação ?sufoco? no local, revistando pessoas e mostrando a presença policial ostensiva. Horas depois a garota reapareceu, chegando a pé, em casa, sozinha. A essa altura, um novo telefonema. Dessa vez, o seqüestrador pediu R$ 3 mil. A polícia identificou o local da chamada – um telefone público da cidade – e chegou a ir atrás dos suspeitos, mas não os encontrou. A informação havia vazado por uma rádio local, o que, segundo a polícia, deu vazão à fuga da quadrilha.
O investigador José Luiz Mestre, da DP de Fazenda Rio Grande, acha que o seqüestro de Renata ainda está envolto em mistérios. ?A história não está bem contada pela menina. Ela se contradiz. Não sei se realmente houve seqüestro ou se ela foi namorar e acabou complicando a situação?, afirma. Segundo o investigador, não houve coerência nos relatos de Renata quanto ao que havia comido ou o local para onde teria sido levada, assim como sobre as pessoas que a teriam pego. ?Ela disse que eram três pessoas, mas um seria amigo dela e teria dito que ia soltá-la, mesmo correndo risco de vida?, contou Mestre. Ainda de acordo com o investigador, Renata recebeu outras roupas para se vestir no cativeiro.
A adolescente foi encaminhada para exames no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, onde ficou em observação durante toda a madrugada de ontem. Os resultados ainda não foram divulgados, mas o investigador, que a acompanhou durante a permanência no hospital, afirma que ela está em perfeitas condições físicas. Amanhã, eles devem repetir o trajeto feito pela adolescente na ocasião do seqüestro para verificar o que realmente aconteceu e tentar achar pistas dos supostos envolvidos.
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