Um sem terra foi morto e seis ficaram feridos em confronto com seguranças da fazenda Santa Filomena, localizada entre os municípios de Guairacá e Planaltina do Paraná, no Noroeste do Estado, distante 30 quilômetros de Paranavaí e cerca de 500 quilômetros de Curitiba. O confronto ocorreu por volta das 5h de ontem, quando um grupo de 400 famílias do MST tentou invadir a propriedade.
Segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp), os sem terra chegaram em três caminhonetes F-4000, quatro caminhões pesados e quatro veículos de passeio. Em nota à imprensa, o MST alega que “uma centena (sic) de pistoleiros portando armamento de grosso calibre atirou constantemente contra as famílias sem terra, que estavam na beira da estrada”.
O sem terra Elias Gonçalves de Meira, 20 anos, morreu na hora. Os outros integrantes do movimento Mário Susten, 36, Antônio Cordeiro de Oliveira, 44, Maria Luíza da Silva, 28, Ademar Krug, 49, Darci Ferreira Dias, 42, e Cássio Rodrigues de Souza, 35, feridos a bala, foram levados ao hospital de Planaltina do Paraná. Foram medicados e alguns seriam liberados ainda ontem. O Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar determinou o envio imediato de policiais militares para a fazenda. Segundo a Sesp, o local onde houve o confronto passará por perícia, para que seja determinado se ocorreu ou não troca de tiros entre os seguranças e os trabalhadores rurais. O delegado-titular de Paranavaí, Nabor Sottomaior, foi designado para investigar o caso.
Policiais militares das cidades de Paranavaí, Planaltina, Amaporã, Guairacá e Terra Rica se reuniram na propriedade, sob o comando do capitão Antônio Olimpio Ramiro Lima. Os moradores da fazenda foram retirados do lugar e a situação foi acalmada. Segundo avaliação da PM, cerca de 400 sem terra permanecem na fazenda. “Nosso papel é evitar possíveis confrontos e restabelecer a ordem na propriedade”, comentou o capitão, que mantém uma guarnição cuidando da área.
O capataz da Santa Filomena, Aparecido Mendes da Silva, 41 anos, foi detido e deve ser ouvido para ajudar nas investigações. Na fazenda, a PM recolheu vários cartuchos de projéteis calibres 12, 44 e 38, além de uma carabina e uma espingarda. “Com os sem terra não foram localizadas armas de fogo”, relatou o capitão Lima. O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, determinou investigação rigorosa para esclarecer as circunstâncias do confronto e apurar quem foram os responsáveis pelo homicídio e pelos feridos.
No aguardo
De acordo com o MST, as 400 famílias sem terra estavam acampadas há 18 meses, aguardando para ser assentadas dentro do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) do governo federal. A fazenda Santa Filomena foi vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 97. Constatada como latifúndio improdutivo, o Incra instruiu o processo de desapropriação para fins de reforma agrária e assentamento das famílias acampadas.
O MST finaliza a nota exigindo: “a desapropriação da fazenda Santa Filomena e o assentamento das 400 famílias acampadas; punição para os assassinos e mandantes da violência contra os sem terra, em Planaltina do Paraná; e que o governo federal agilize o processo da reforma agrária cumprindo as metas do PNRA”.