Foto: Átila Alberti

Denise foi ferida na ponte e morreu a caminho do hospital.

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Selvageria. Assim moradores da invasão Terra Santa, no Tatuquara, descreveram a ação de dois pistoleiros que mataram duas mulheres, feriram outras três e ainda atingiram, com uma bala perdida, um morador que estava dentro de casa, assistindo televisão. Num ato de clemência, pouparam a vida de um bebê de poucos dias, que estava no colo de uma das baleadas.

A cena de violência, que lembrava filmes do ?velho oeste?, aconteceu em plena tarde, às 15h. Dois homens que ocupavam um Corcel II vermelho – cuja placa não foi anotada pelas testemunhas -desceram do carro atirando.

As vítimas estavam reunidas na Rua dos Amigos, que se transformou num rio de sangue. Uma das mulheres morreu no local e outra no helicóptero que a transportava para o hospital. Os demais foram socorridos por ambulâncias e hospitalizados. O motivo da chacina, mais uma vez, seria o tráfico de drogas.

Foto: Átila Alberti

Gislaine, a primeira a ser atingida. No barraco mais duas garotas tentaram se esconder.

Dezenas de moradores caminhavam pelos becos da invasão e crianças brincavam em frente aos barracos. Os atiradores desceram do carro e abriram fogo, sem economizar munição. O alvo era as mulheres envolvidas com furtos e o tráfico de drogas. No local a polícia encontrou estojos de pistola calibre 9 milímetros. Rastros, pingos e poças de sangue, marcaram o caminho percorrido pelas vítimas, na fuga dos atiradores.

Crueldade

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Quando as viaturas do Siate e do Samu chegaram na invasão Terra Santa, a cena era de terror. No começo da Rua dos Amigos, ladeada por valetas e barracos estava o corpo de Gislaine Samanta Soares de Lima, 20 anos. Segundo a perita Jussara Joeckel, do Instituto de Criminalística, ela foi ferida com pelo menos quatro tiros, um em cada braço e dois na lateral do corpo. ?Ao que tudo indica os disparos foram feitos de longe?, contou a perita.

Ao lado de Gislaine, estava a vizinha dela, a garota Glaucimara Rodrigues Tomé, ferida no braço, na perna e na orelha. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Cajuru.

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A poucos metros dali, sobre uma ponte de madeira, socorristas atenderam Denise Rodriges Tomé, 27, mãe de Glaucimara. A mulher foi atingida na cabeça. O sangue dela escorria pelos vãos da madeira. Levada de helicóptero ao Hospital Angelina Caron, morreu a caminho.

Os assassinos não pouparam munição e não se intimidaram. Continuaram a trajetória sangrenta, até entrar no carreiro de terra e encontrar a outra filha de Denise, Greicy Kelly Rodrigues Tomé, 15, que segurava o filho de 20 dias no colo. A criança foi poupada e os marginais atiraram nos braços e pernas da garota. A prima dela, Georgina Tomé da Silva, 21, também foi baleada. As duas tentaram se esconder em uma barraco e o sangue delas ficou no chão, nas portas e no gramado. Foram levadas ao Hospital Evangélico.

A última vítima da violência desenfreada foi Nelson Woltz, 47 anos, que estava sentado no sofá da casa, assistindo televisão, e uma das balas o atingiu no ombro. Ele também foi hospitalizado.

Alvos eram usuárias de drogas

O saldo de duas mulheres mortas, três feridas e um homem também baleado, levou vários policiais para região e também muitos curiosos para as ruas. Mesmo assim, os moradores não quiseram comentar sobre o atentado. Poucos se arriscavam a falar até mesmo o nome das vítimas. As informações apuradas pelos investigadores da Delegacia de Homicídios e do 13.º Distrito Policial é que o alvo eram as mulheres. ?Denise estava jurada de morte. Ela era o foco. As filhas seriam usuárias de drogas e junto com Gislaine cometiam alguns furtos na região. Denise e Gislaine estavam fugidas e voltaram para a invasão há quatro dias?, contou o investigador Joacir, da DH.

Para o superintendente do 13.º Distrito Policial, Marco Aurélio Furtado, enquanto a população não se conscientizar que precisa ajudar, mais gente irá morrer. As pessoas precisam saber que polícia está ao seu lado e por isso têm que denunciar, o que pode ser feito anonimamente. Estas mulheres estão ligadas a furtos e tráfico de drogas e como ninguém conta nada os assassinos sentem-se confiantes para voltar e cometer estas barbáries novamente?, diz o superintendente. A denúncia pode ser feita através do fone 181 (Narcodenúncia).