Seguranças mataram filho de jornalista

O polêmico filme Tropa de Elite pode ter influenciado a execução do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 18 anos, filho do cronista esportivo Vinícius Coelho. Um dos assassinos assistiu oito vezes à película e, segundo testemunhas, teria usado um saco plástico para torturar Bruno. A mesma forma de tortura mostrada no filme. Os assassinos são três vigilantes da empresa Centronic Segurança e Vigilância. Eles confessaram as torturas e o assassinato, na noite de terça-feira, ao serem presos por policiais da delegacia de Almirante Tamandaré.

De acordo com o delegado Jairo Estorílio, as investigações foram focadas nos bairros Alto da XV e Alto da Glória, de onde Bruno desapareceu na noite de 2 de outubro. Lá, os policiais descobriram que o alarme de uma clínica médica tinha sido acionado no período em que Bruno teria desaparecido. Ao verificar com a empresa responsável pela segurança da clínica, descobriram que Bruno tinha pichado o local, o que fez acionar o alarme.

Tortura

Dois vigilantes flagraram Bruno na clínica e, com apoio de um carro da Centronic, levaram o estudante até a sede da empresa, no Alto da XV.

O garoto teria sido levado à força e torturado na empresa pelos vigilantes Marlon Balem Janke, 30, e Eliandro Luiz Marconcini, 25. ?Eles jogaram tinta nele, o amordaçaram e também o agrediram. Segundo testemunhas, Marlos teria colocado o saco plástico em Bruno e o sufocado?, contou o delegado.

Enquanto os dois vigilantes o torturavam, os também seguranças Ricardo Cordeiro Reysel, 32, Leonidas Leonel de Souza, 28, e Emerson Carlos Roika, 36, teriam assistido passivamente à cena. A polícia não sabe se o trio participou efetivamente das torturas, mas já os indiciou pelo crime.

Execução

Marlos e Eliandro levaram o estudante, ainda vivo, para Almirante Tamandaré. Lá, apanharam o vigilante Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26. O trio seguiu com o estudante até a região de Tranqueira, onde Marlon teria atirado na nuca de Bruno. ?Eles disseram que executaram o estudante porque ele disse que iria denunciar as torturas sofridas?, disse o delegado. A polícia entrou em contato com a empresa Centronic, que entregou as armas dos funcionários.

?Eles ajudaram nas investigações, tanto que Marlon foi preso na sede da empresa e Douglas enquanto trabalhava, em Almirante Tamandaré.? Eliandro foi preso em sua casa, no Sítio Cercado, e com ele foi apreendida uma pistola. ?Eles dizem ter usado essa arma no crime. Entretanto, só o exame de balística poderá dizer de qual arma partiu o tiro?, finalizou o delegado.

Empresa divulga nota

Em nota oficial, a Centronic informou que está colaborando com as investigações e esclareceu que todos os funcionários recebem treinamento para exercer a profissão de vigilante e são submetidos anualmente a exame psicotécnico. Segundo a empresa, o resultado desta avaliação é encaminhado à Polícia Federal.

Quanto aos vigilantes detidos, a empresa afirma que, em nenhum momento, eles demonstraram mau comportamento. Depois do crime, entretanto, eles não relataram o episódio a superiores e colegas de trabalho.

Ainda de acordo com a Centronic, a empresa se solidariza com a família de Bruno. ?É nosso sincero desejo, da mesma forma, ver este caso esclarecido pelas autoridades competentes o mais prontamente possível?, encerra a nota.

O Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região também encaminhou nota, afirmando que repudia o assassinato praticado pelos três vigilantes.

Alívio para a família

Mara Cornelsen

?Estamos mais aliviados e convictos de que estes assassinos deverão apodrecer na cadeia.? Assim o jornalista e cronista esportivo Vinícius Coelho – pai do estudante Bruno Coelho – reagiu, ao tomar conhecimento da prisão dos envolvidos na morte do adolescente. Emocionado, Vinícius agradeceu o trabalho do delegado Jairo Estorilio.

De acordo com o jornalista, o drama pelo qual sua família está passando fortaleceu laços de amizade e familiares, uma vez que centenas de pessoas se solidarizaram a eles. ?Queremos agora que a Justiça seja rígida, para que eles não façam isso de novo?, afirmou. Vinícius também fez referências elogiosas à juíza de Almirante Tamandaré que, ontem mesmo, decretou as prisões preventivas dos acusados, e ao vereador Jorge Bernardi, que durante todo o tempo esteve ao seu lado.

Notícia

Foi às 8h de ontem que ele recebeu o telefonema do delegado Estorilio, informando que os acusados já estavam presos e haviam confessado o crime. ?Não imaginei que a morte de Bruno tivesse um motivo tão banal. Estes indivíduos são uns carrascos?, declarou.

Bruno, de acordo com o pai, estava passando pela melhor fase de sua vida. Terminava o ensino médio e se preparava para o vestibular de Designer. ?Ele até já tinha arrumado trabalho na empresa do tio dele, dentro da área em que pretendia estudar?, lembrou. O jovem não tinha vícios e sua grande paixão era o Coritiba, time do coração.

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