Levando roupas e poucos pertences,
detentos da DFR foram transferidos ontem.

Em uma tentativa de amenizar a superlotação das cadeias de delegacias da capital, 204 presos foram transferidos para locais mais adequados. Pela manhã, 102 deixaram o Centro de Triagem da Polícia Civil, na Travessa da Lapa (centro de Curitiba), com destino ao Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), ao lado da Prisão Provisória, no Ahu. No período da tarde, outros 102 ocuparam as celas do Centro de Triagem, aproveitando as vagas abertas pelos detentos que foram para o sistema penitenciário.

O delegado Clóvis Galvão, chefe do Centro de Triagem, informou que os 102 detentos encaminhados para o COT serão redistribuidos para a Prisão Provisória, a Penitenciária Central do Estado (em Piraquara), a Colônia Penal Agrícola (também em Piraquara) e a Casa de Custódia de Curitiba, na Cidade Industrial. “Estamos tirando os condenados das cadeias de delegacias. Entendemos que os presos provisórios tem a oportunidade de deixar o xadrez a qualquer momento, diferente dos condenados”, salientou o policial. Ele disse que na próxima semana mais presos deverão ser removidos, além de 150 vagas que abrirão na penitenciária de Ponta Grossa, que também deverá receber presos da capital.

Delegacias

Galvão ressaltou que ontem foram removidos detentos de oito delegacias da capital. Entre eles 10 que ocupavam um cubículo minúsculo no 2.º Distrito Policial (Rebouças), medindo 1,5 metro por 1,5 metro, sem nenhuma condição humana; 16 do 6.º Distrito (Cajuru), que também conta apenas com uma pequena cela e um vão de escada para guardar presos; outros 20 do 8.º Distrito (Portão); 10 do 10.º Distrito (Sítio Cercado), dois do 7.º Distrito (Vila Hauer); 12 do 3.º Distrito (Mercês); 12 do 11.º Distrito (CIC) e 20 da Delegacia de Furtos e Roubos. As carceragens do 7.º, 6.º, 2.º distritos foram interditadas pela Vara de Execuções Penais. As cadeias do 11.º e 8.º distritos foram parcialmente interditadas, por falta de segurança e também pelas más condições de abrigar detentos.

“A idéia é abrir vagas no Sistema Penitenciário para acabar com a superlotação nas cadeias de delegacias e evitar fugas. Ainda mais agora que a determinação do governo é tolerância zero com o crime e a todo o momento pessoas estão sendo autuadas em flagrante, principalmente pela Central de Polícia”, argumentou o delegado Galvão. Ele disse que os presos autuados pela Central não são motivo de preocupação já que a maioria é detida por uso de entorpecentes e pequenos furtos e permanece pouco tempo recolhida.

Mais presos

O delegado adiantou que hoje mais 39 presos serão removidos de delegacias de Curitiba e da Região Metropolitana. “A idéia é remover 25 presos das cadeias das delegacias do Alto Maracanã (Colombo), São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré e Rio Branco do sul. Os demais serão retirados do 11.º Distrito”, disse.

Delegacias abrigam mil presos

A cadeia da Delegacia de Furtos e Roubos contava ontem com 116 detentos, destes, 37 são condenados e o restante provisórios. Com a transferência o número caiu para 94, mas a carceragem só tem capacidade para 40 detentos. “Esta transferência ameniza a situação, mas não resolve o problema. O delegado Clóvis Galvão nos prometeu remover o restante dos condenados, que são mais 17”, informou Gerson Machado, titular da DFR. “Com a transferência agora podemos colocar mais alguns no xadrez. Quase todos os dias prendemos marginais. Temos que ter local para colocá-los”, reclamou o policial.

Machado contou que dos 116 detentos, 79 foram presos pelos policiais da DFR no último ano. “A idéia é retirar todos os assaltantes e ladrões de circulação, além dos outros criminosos que encontrarmos pela frente. Lugar de bandido é no xadrez”, argumentou.

Outros

Mas superlotação não é privilégio só da delegacia de Furtos e Roubos. O delegado Clóvis Galvão informou que as delegacias da Capital e Região Metropolitina abrigam hoje mil presos. Além disso, segundo estatística do próprio governo, há 10 mil mandados de prisão para cumprir. Se todos fossem presos num curto período de tempo, não haveria local para abrigá-los.

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos também está com a carceragem superlotada. Ontem abrigava 90 presos em celas que deveriam conter no máximo 40. Após o arrebatamento de presos ocorrido no fim do mês naquela delegacia, os policiais procuraram empresários e pediram ajuda para reforçar a segurança. Com doações foram instalados grades, um vidro a prova de balas para proteger os plantonistas e interfone.

Preocupado com o alto número de fugas no último mês, o governo também pediu a ajuda da Polícia Militar para vigiar as cadeias das delegacias. Uma viatura da Polícia Militar fica dia e noite em frente a Delegacia de Furtos e Roubos. A noite o número de policiais é reforçado. Já no Centro de Triagem, policiais do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais (Tigre) estão auxiliando na segurança interna e externa.

continua após a publicidade

continua após a publicidade