Assim como para o comércio, o final do ano vem se tornando um grande filão para o setor de segurança. As empresas que atuam no ramo comemoram um crescimento em torno de 30% na procura por segurança privada e sistemas de vigilância eletrônica. Isso está relacionado ao aumento das ocorrências de assalto e roubos neste período, cujas estatísticas são confirmadas pela polícia.
O capitão da Polícia Militar Manoel Jorge dos Santos Neto afirma que, no final do ano, há uma demanda maior de ocorrências, principalmente porque aumenta o fluxo de pessoas circulando nas ruas e um grande número de pessoas deixa as residências para viajar. "As pessoas receberam o 13.º salário e estão indo às compras. Os marginais também sabem disso e estão agindo", fala.
Em relação ao patrimônio, o capitão disse que a maioria das ocorrências acontece porque os moradores dão pistas aos marginais de que o imóvel está vazio. Um dos grandes erros cometidos pelas pessoas, ressalta o policial, é deixar luzes acesas durante o dia, indicando a ausência das pessoas no local. Outra é não suspender a entrega de jornais e revistas, que acabam acumulando no endereço e dando o aspecto de abandono. O telefone e a campainha também podem ser um atrativo para o marginal. "Se ele observa que um telefone toca insistentemente e ninguém atende, logo presume que a casa está vazia, o que se torna um alvo fácil", cita o capitão.
Partícular
Mas mesmo tomando esses cuidados básicos, muitas residências continuam sendo alvo dos marginais. Por isso a correria em busca de sistemas de segurança privada. O supervisor operacional da empresa Centronic Segurança Eletrônica, Albary Almeida, comenta que o aumento por sistemas de segurança cresceu 30% no último mês. Muitos clientes optam pela operação dos sistemas por períodos pré-determinados ou instalam no final do ano, sem data para encerramento do contrato.
Já o supervisor da On Line Segurança Eletrônica, Emersom Gapski, comenta que a empresa vem realizando entre três a quatro instalações de equipamentos por dia – em outros períodos do ano, a média é de uma instalação diária. Ele comenta que esse crescimento está ligado ao aumento da criminalidade em Curitiba e pelos altos custos de uma segurança particular.
Para a instalação de equipamentos, como sensores internos e externas, cercas elétricas, e alarmes ligados a central de segurança, o consumidor irá gastar entre R$ 800 e R$ 4 mil, mais a mensalidade de manutenção, que varia de R$ 80 a R$ 120 mensais. O custo com um segurança particular gira em torno de R$ 2 mil mensais.
Preço não é o fator principal
Na hora de contratar uma empresa de segurança é preciso tomar muito cuidado. O preço nem sempre deve ser o principal fator na hora da escolha. Quem faz o alerta é o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares. Ele afirma que com o crescimento na procura por esse tipo de serviço, vem crescendo também a clandestinidade.
Segundo Soares, existem 68 empresas legalizadas e especializadas em segurança privada no Paraná e outras 300 irregulares. Em relação aos vigilantes, os números são ainda mais alarmantes. O total de profissionais legalizados no Brasil chega a 1,1 milhão – 17 mil no Paraná -, contra dois milhões que atuam na clandestinidade, muitos deles com armas de fogo e sem nenhuma fiscalização.
Para atuarem no mercado, as empresas precisam de autorização do Ministério da Justiça e são fiscalizadas constantemente pela Polícia Federal. Para ingressar na profissão, o vigilante precisa ser maior de 21 anos, não ter antecedentes criminais e passar por um curso de formação, cujo conteúdo é definido pela Polícia Federal. Para conseguir o porte de arma, explica Soares, o vigilante passa por exames psicológicos a cada dois anos.
Empresas clandestinas proliferam
As empresas clandestinas conseguem oferecer os serviços de segurança por um custo até 50% menor que as empresas regulares. Segundo João Soares, isso é possível porque eles não recolhem os encargos sociais dos trabalhadores, e pagam muito menos do que o profissional regularizado recebe. "Quem ganha dinheiro é o atravessador, pois ele geralmente cobra R$ 1,5 mil pelo serviço, e paga ao funcionário apenas R$ 25 por dia", comenta.
O presidente do Sindicato dos Vigilantes ressalta também que o serviço de segurança privada só pode ser feito para o lado de dentro do imóvel, e que as rondas na rua – como as feitas com motos ou bicicletas, usando um apito – são irregulares. "Isso é usurpação da segurança pública, pois esse é o trabalho da polícia", critica. Em relação ao aluguel de cão de guarda, Soares disse que as empresas especializadas podem ofertar esse tipo de serviço. No entanto, o animal tem que estar sempre acompanhado por um vigilante.
Antes de contratar uma empresa, orienta João Soares, é preciso consultar a Polícia Federal para ver se ela está legalizada. Essa consulta pode ser feita pelos telefones (41) 363-5073, 362-2313 ou 363-5134. Também pode ser exigida a apresentação de antecedentes criminais do vigilante, e se ele portar arma, solicitar a autorização. "Esses cuidados são necessários, porque muitas vezes coloca em risco seu patrimônio ao invés de protegê-lo", alerta.